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Colunista 15/07/2017 10:07
Por: Ângelo Savi

A inversão da realidade ou O mundo se transformou num hospício

 

Li, ouvi, ou vi um anúncio de uma feijoada light, não sei onde. Esqueci de como tomei conhecimento do prato, provavelmente por um mecanismo de autodefesa subconsciente: não existe feijoada light, trata-se de uma mentira. Feijoada só é verdadeira se potencialmente for capaz de fazer mal. É por isto que raramente a como. A mesma coisa é cerveja sem álcool. Se for sem álcool, não é cerveja. A indústria da publicidade é cheia destes logros. Os exemplos não são de mera propaganda enganosa, mas falsificação da realidade. Não se trata de alardear falsamente alguma coisa, mas de falsificações da própria coisa. De juntar dois conceitos contraditórios para fazer de conta que algo é o que não pode ser. O embuste transformou-se no modo de vida do mundo inteiro.

E o fenômeno acontece em todos os aspectos. Os muçulmanos que emigram para a Europa odeiam o modo de vida ocidental. A maneira que as mulheres se vestem, a liberdade de expressão, a democracia, as normas laicas que regem a sociedade. Em muitas cidades da Europa, principalmente na Grã-Bretanha, Bélgica, França e Alemanha, existem enclaves muçulmanos em que impera absoluta a sharia, a lei islâmica. Não é apenas uma questão de manter os costumes e tradições do lugar de origem, como vestimentas, culinária e idioma, mas sim de querer destruir o modo de vida local. A consequência é a sucessão de atentados terroristas que acontecem na Europa. São agressões indiscriminadas a quem quer que seja. Não é só terrorismo, mas violência de todo o tipo: estupros, assassinatos, agressões às igrejas cristãs. E, no entanto, os líderes europeus insistem em minimizar o problema, numa leniência muito parecida com a que os mesmos países tiveram com o nazismo na década de 30 do século passado.

Os exemplos de pusilanimidade moral por parte dos dirigentes europeus são intermináveis. A primeira ministra britânica, por exemplo, após o ataque na ponte de Westminster, declarou que se trata de um equívoco descrever o caso como terrorismo islâmico, porque o que aconteceu foi um ato de terrorismo islamista, o que quer dizer absolutamente nada. Ficou em cima do muro para não ofender os agressores, o que na prática significa defendê-los em detrimento ao seu próprio povo.

No Brasil, não poderia ser diferente. Há pouco tempo a Prefeitura de São Paulo tomou a iniciativa de acabar com a Cracolândia, local em que centenas de viciados vivem (?) como zumbis, traficando abertamente, cometendo assaltos e furtos para sustentar seu vicio numa promiscuidade e imundície indizíveis. É algo asqueroso. Mulheres dão a luz em meio ao lixo. O lugar e as pessoas fedem. Pois não é que se levantaram ONGs e pseudo especialistas contra a tentativa de acabar com a Cracolândia. Houve até uma manifestação a seu favor e há também um site dedicado a defendê-la. Não é piada. Somente dando um significado contrário à realidade alguém pode querer que pessoas continuem vivendo em estado de total degradação e ter a ousadia de alegar que a tentativa de resolver o problema é autoritarismo, preconceito ou nazismo.

Os exemplos zombeteiros da feijoada e da cerveja acima têm a intenção de mostrar que a atitude generalizada de se fazer a descrição da realidade não de acordo com os fatos, mas sim em ideologia, desejo ou chavões pré-ordenados, é um fenômeno que se alastra, abrangendo todos os aspectos da vida, desde assuntos triviais até uma guerra aberta como está acontecendo na Europa ou uma questão social gravíssima como a da Cracolândia. E pensamento que interpreta a evidência em desacordo com a razão é loucura digna de hospício.