Logo Folha de Candelária
Rural 13/04/2017 11:23
Por: Tiago Mairo Garcia

Arroz japonês, uma raridade em Candelária

Aldo Melo de Vargas irá colher grão com uso de uma foice e projeta ter boa produtividade

  • Aldo Melo de Vargas e sua lavoura de arroz japonês no Rincão de Fora

Um mercado restrito. É assim que é vista, ainda, a produção de arroz japonês no Brasil. Conforme dados informados pelo Irga, a produção do arroz nipônico representa pouco mais de 1% no país. Os estados de São Paulo e Paraná, que possuem colônias japonesas, têm os registros das maiores produções. No Rio Grande do Sul o produto também possui mercado restrito, com poucos produtores e poucas empresas especializadas na área. Em Candelária, conforme dados do Irga, somente dois produtores cultivaram o arroz japonês como experiência e para consumo próprio.
Um destes produtores é o aposentado Aldo Melo de Vargas, 66 anos. Residente na localidade de Rincão de Fora, ele conta que sempre tinha o hábito de cultivar o arroz japonês para consumo próprio, plantando uma área de cinco hectares. Há oito anos ele havia parado com a prática da cultura, mas no último plantio decidiu retomar o cultivo. O agricultou semeou aproximadamente um hectare de arroz japonês dentro de sua propriedade, de pouco mais de 13 hectares.
Aldo conta que obteve as sementes com um vizinho para realizar o plantio. Ele e a esposa, Liane de Vargas, contam que o arroz japonês é melhor para ser usado em pratos típicos da culinária gaúcha. "É um arroz mais gostoso, com mais sabor para comer. É muito bom para risotos e galinhadas", destacou Aldo. O produtor frisou que a cultivar tem poucos adeptos por não ter uma boa produtividade. Sobre o preço da saca, ele frisou que, por ter pouca demanda, o preço do saco é mais caro em comparação com o arroz convencional. Sobre a colheita da sua lavoura, Aldo frisou que deverá colher depois da Páscoa e planeja ter uma boa produtividade. "O tempo ajudou e os grãos desenvolveram bem. Se tudo der certo, espero ter uma boa safra", disse ele. Diferente da maioria, que opta pelo uso de colheitadeiras, Aldo destacou que irá colher a sua pequena lavoura com o uso de uma foice. "É melhor, pois já realizo a limpeza e a classificação dos grãos", disse ele. O agricultor destacou que, após a safra, pretende ter uma quantia para consumo próprio e o que sobrar irá doar para familiares e amigos. "Já tenho lista de espera aguardando a safra", brincou o agricultor. 
MERCADO CONTROLADO - Em entrevista concedida à Folha, o empresário Maikel Guidolin, proprietário do Arroz Guidolin, de Santa Maria, empresa especializada em arroz japonês, explica que no Rio Grande do Sul são poucos produtores que plantam essa espécie de arroz. Ele salienta que o arroz japonês produz menos e possui um alto custo. O empresário frisou que, na última safra, sobrou muito arroz japonês e que o mercado do setor não conseguiu absorver a demanda, gerando prejuízos aos produtores. "O arroz japonês vem crescendo, mas ainda é restrito. Quando há muita demanda de grãos, o mercado atual existente não consegue absorver. Como o arroz japonês velho não é aceito, por não ter o mesmo sabor do arroz novo, muitos produtores acabam baixando o preço ou usando para consumo próprio e acabam desistindo de plantar no ano seguinte"
O empresário salienta que os produtores interessados em cultivar a semente precisam ter cuidado e entender o mercado disponível. "Sempre é bom se informar com as empresas para ter um controle com a média específica planejada para o consumo do grão. Para o arroz japonês, o melhor é comercializar a safra de arroz novo, atendendo às exigências do mercado", finalizou.