Trag?dia em Congonhas

A tristeza e a perplexidade tomaram conta do país. O desespero invadiu a vida dos muitos familiares e amigos das vítimas do vôo 3054 da TAM. Mas, quero destacar outro sentimento presente entre muitos: “o alívio”. Muitos familiares e amigos sentiram um grande e profundo “alívio” ao descobrirem que seus queridos não estavam no vôo.
Fico imaginando quantas ligações foram feitas para pessoas que costumam andar de avião! Nervosismo... Apreensão... Sei, por exemplo, de uma família aqui de Candelária, que viveu momentos tensos, antes de sentir o “alívio” ao saber que a parente não estava no vôo.
Acompanhei, pela televisão, um rapaz em uma entrevista, que repetiu duas vezes: “Deus é bom!”. Ele afirmou isso porque não foi atingido, apesar de estar ao lado do local do acidente. Compreendo que o sentimento de “alívio” nos leve a um imediato agradecimento a Deus. Mas, sempre me ponho a pensar: Se Deus é bom, por que ele salvou este e não aquele? Por que ele livrou alguns e não os outros?
Em primeiro lugar, entendo que somente tragédias como estas fazem alguns repensarem e valorizarem suas vidas. Somente tragédias como estas fazem com que alguns percebam que não são super-heróis! Somente tragédias como estas fazem com que nos sintamos frágeis e lembremos de Deus e das pessoas ao nosso redor. Tragédias como estas levam a lágrimas, mas muitas vezes são justamente as lágrimas que limpam nossos olhos e que nos permitem enxergar melhor! Por tudo isso, os mortos acabam sendo mártires. Gente que teve que morrer, para que muitos de nós possam viver melhor, valorizando o que Deus lhes tem dado e repetindo de boca cheia: “Deus é realmente bom!” Sim, pois a bondade de Deus pode ser vista mesmo em meio aos paradoxos da vida. A bondade de Deus pode ser vista mesmo em meio à morte.
Em segundo lugar, temos que reafirmar o que nos diz a Bíblia, isto é, de que assim como existe Deus, que planta boas sementes nesta terra, assim também existe o Inimigo (Diabo) que planta más sementes e que espalha o inço do sofrimento, da amargura, da tragédia (Mt 13.24-43). E, conforme Deus mesmo afirma, a maldade reinará em muitos momentos nesse mundo, pois este mundo é escravo do pecado (Jo 8.34). É por isso que Jesus nos ensinou a pedir na oração do Pai Nosso: “mas livra-nos do mal”. Logo, as tragédias não são culpa de Deus, elas acontecem porque no mundo existe o mal. O que Deus realmente faz é usar inclusive as tragédias, usar inclusive o sofrimento para o bem da humanidade. Porém, é importante lembrar que o “alívio” completo será sentido somente quando Jesus Cristo voltar e julgar os vivos e os mortos e inaugurar o Novo Céu e a Nova Terra (Ap 21).
Hoje, posso sentir-me aliviado, pois nenhum avião caiu sobre a minha cabeça. Posso sentir-me aliviado, pois nenhum parente ou amigo meu estava envolvido na tragédia em Congonhas, mas, sobretudo, posso sentir-me aliviado porque creio em Jesus. Nem o choque com um avião pode tirar aquilo que é meu! Pois, em Cristo Jesus, tenho a certeza da vida eterna. Sei, porém, que as explosões “dos aviões da vida” podem pegar muitos despreparados! Sei que um avião pode cair em suas cabeças sem que seus corações tenham conhecido e recebido a herança da Vida Eterna com Deus. Por isso, continuo a anunciar a obra de Jesus, para que mais e mais pessoas possam sentir a força do “alívio espiritual” que gera constante paz e que cria a força da esperança, mesmo em meio às tragédias.

Pastor Ismar Pinz