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25/08/2009 16:56
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Um outro olhar sobre a hist?ria (ou Coisas que ningu?m contou)

Como acontece tradicionalmente todos os anos há um ano, quando vem se chegando o 25 de julho eu mudo o nome da coluna para homenagear colonos e motoristas. Mas como tem bastante mensagens e homenagens na Folha de hoje, vou me abster em comentar sobre as dificuldades e os perigos por que passaram esses baluartes em busca da sobrevivência nesse brasilzão véio de Deus e que não são encontradas em nenhum livro de história. Guardem este papel e mostrem para seus filhos para que eles sejam detentores de verdadeiras histórias de nossos desbravadores. Naquela época – que vou tratar somente como antigamente porque não gosto de números –, eram imensas as dificuldades passadas pelos antigos tropeiros alemães que cruzavam nossas fronteiras. Primeiramente, porque tinham que viajar no lombo de cavalos e alguns nos lombos das burras e dos burros. Os pobres animais por vezes afundavam até o joelho de tanto peso que levavam sobre seus lombos. Naquela época, existia muito carrapicho, pega-pega e o famoso picão, que todo mundo conhece, e esta tarefa de tirar os inços que se grudavam nas pernas dos cavalos era confiada a pessoas mais idosas, quando o grupo parava para acampar. Os velhotes geralmente levavam consigo ramos de guanxuma sem folhas, o que facilitava o serviço. Certa vez, um acidente muito grave aconteceu com um desses anciões. Ele estava tirando o picão da cola de uma égua quando foi alvo de gozação dos demais (sabem, aqueles comentários perniciosos...). Quando o homem se virou para chingar os peões, acabou se distraindo e foi quando a égua deu um violento coice nas partes íntimas dele. Um dos peões, com pena do véio disse: “Coitadinho”, nascendo daí a origem do nome da localidade de Cortadinho. Depois disso, colocaram o véio num “chiliti”, que depois de ganhar rodas foi apelidado de zorra, e seguiram viagem, parando somente à noitinha para descansar. E o véio roncava, roncava, roncava, quando um reclamou: “Que véio roncador”. Daí nasceu o nome da localidade de Roncador. Acidentes eram freqüentes nos tempos de antanho, mas o perigo também estava nas matas. Em outra feita, um grupo de 20 bravos e valentes exploradores se viu literalmente no mato sem cachorro. Ao chegarem em uma clareira dentro da floresta candelariense, desencilharam seus cavalos e colocaram as 20 selas em cima de um enorme tronco caído, restando ainda uns 10 metros em cada ponta. Um dos peões, que acabara de matar um macaco com seu mosquetão para fazer um churrasco, pôs fogo numa das extremidades da árvore. De repente, o tronco começou a se mexer, e saiu em disparada, levando as celas e as cuecas molhadas da peonada. Tratava-se de uma cobra daquelas bem grandes e que hoje só é possível ver na televisão em imagens feitas por computador. A cobra era tão pesada, mas tão pesada, que ali na picada Karnopp deixou um trilho por onde atualmente passa a RS 400 e que é chamada de Curva das Cobras. As selas foram encontradas muitos anos depois em Cerro Branco por um japonês que tinha dificuldade de falar e batizou o local de Selalia. Depois que a família Scheidt foi morar lá, os alemães rebatizaram o local de Seraria Scheidt, que hoje chama-se Serraria Scheidt. Outro fato bem interessante e que até hoje era tido como segredo aconteceu na Ponte do Império. Antepassados meus possuem pergaminhos da época que afirmam que Dom Pedro teria mandado construir as guardas da ponte bem baixinhas para poder mijar ali de cima. Extraoficialmente ele também teria passado pela Sesmaria do Cerro, quando foi acometido por uma grande dor de barriga. Dizem os mais faladores que o vento se encarregou de dar forma ao montinho ali deixado e que depois transformou-se no cerro Botucaraí; mas isso é assunto para o pessoal da paleontologia investigar mais a fundo. Teria outras várias histórias inéditas para repartir com os amigos, mas o espaço é curto e vou finalizando por aqui. Agora falando sério, desejo a todos um feliz dia e parabenizo estas valorosas classes pelo empenho e dedicação de ontem, hoje e de amanhã. Auf wiedersen e até o próximo ano com mais uma edição especial!