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Educa??o ao telefone
Reiteradas vezes coloquei aqui que este espaço destina-se, entre outras coisas, a melhorar o relacionamento entre as pessoas, e o assunto de hoje é a falta de educação observada no tratamento ao telefone, o que requer algumas considerações. Digo isso porque tenho passado maus bocados nestas últimas semanas quando ligo para as pessoas para atualizar o Guia da Folha. Uns mudam de endereço e não avisam, outros não tem mais telefone em casa, em outros casos o proprietário do telefone já morreu, e por aí vai. Mas isso é café pequeno perto do tratamento que a gente recebe. O primeiro exemplo:
– Alô.
– Alô. Quem está falando?
– Quer falar com quem?
Poxa, pelo que eu saiba, não se responde pergunta com pergunta. Custa dizer o nome quando a gente pergunta? Bem, aí vão dizer que é tudo culpa dos golpes que estão passando pelo telefone, gente oferecendo cartão de crédito, etc, mas eu pergunto: alguém é tão burro a ponto de achar que dizer o nome vai comprometer alguém por causa disso? Claro que na maioria das vezes isto acontece em telefones particulares, com a gente perdendo um tempão explicando o propósito da ligação. Ainda passa, pois gato escaldado tem medo de cachorro molhado. Já as empresas, ou grande parte delas, já tem como norma instruir seus funcionários para atenderem o telefone mais ou menos deste jeito:
– Loja Panamericana, Maria, boa tarde!
Já diz de onde fala, identifica a funcionária e cumprimenta quem está ligando. E tudo isso com a maior simpatia, o que implica em ganho de tempo e diminuição no custo da ligação. Mas em Candelária existem algumas empresas que são diferentes. Sintam a docilidade do diálogo:
– Alô!
– Alô. Quem está falando!
– É da Loja Cobrabem!
-– Mas quem está falando?
– Mas tu quer falar com quem, hein?
– Eu não quero falar com mais ninguém desta lojinha de merda porque eu já fiz duas perguntas; uma foi respondida errada e na outra não obtive resposta. Com base nisto, sinto que ninguém desta droga de loja vai me atender direito mesmo e vou procurar o que quero em seu concorrente. Tchau, vaca!
Logicamente este último parágrafo foi só pra ilustrar, mas acredito que meu sentimento é compartilhado por muita gente, e é exatamente isso o que muitos têm vontade de dizer, mas lembremo-nos da educação. O mau-humor é contagioso e quem não tem nada a ver com o preço da banha se vê tomado de assalto pelo ranço também. Aprendi desde pequeno que falar ao telefone é a mesma coisa que falar com a pessoa como se ela estivesse na sua frente. Atenda, diga o nome, responda as perguntas, desligue se for um chato do telemarketing, mas procure ser amável. Se você recebeu a ligação, deixe que quem ligou se despeça. Por vezes, as pessoas que em um primeiro momento você julga inoportunas estão indiretamente colaborando com seu trabalho. Se você teve uma noite infeliz com seu namorado ou marido, não espalhe isso através do mau-humor tratando mal a quem só busca uma mísera informação. Tente de novo na próxima noite e quem sabe dê tudo certo. Agora, deixando de lado o eufemismo, se os conselhos de nada adiantarem, vá até o pasto e coma bastante, pois os veterinários garantem que animais com a barriga cheia não são tão agressivos.