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25/08/2009 16:56
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Major Jo?o Kochenborger - Pol?tico, pol?mico e nacionalista

Para a grande maioria da população candelariense o nome de João Kochenborger, o pioneiro, e seu filho, o major João Kochenborger Filho, seriam a mesma pessoa. João, o pioneiro, foi o colonizador, empreendedor, comerciante, proprietário de vasta extensão de terras que se tornaram colônias e idealizador e construtor do aqueduto. João, o filho, era político influente do Partido Republicano, nacionalista, íntegro, bondoso, polêmico, mas de forte personalidade. Para o major Joãozinho, como era chamado, a diferença entre raças, entre pobres e ricos, pretos ou brancos, alemães ou portugueses, não existia em seu vocabulário.
Logo após o golpe do estado, praticado pelo marechal Deodoro da Fonseca e que resultou na proclamação da República, destituindo do poder o imperador Dom Pedro II, o político e major João Kochenborger Filho manifestou seu apoio ao presidente da Província do Rio Grande do Sul, Júlio Prastes de Castilhos, e colocou-se à disposição para manter a ordem pública, solicitada por Deodoro e Castilhos. Sabe-se que muitos imigrantes alemães que aqui residiam eram fiéis ao império, pois havia sido através do imperador deposto as tratativas que oportunizaram a vinda dos primeiros imigrantes e havia temor de alguma manifestação contra a instalação da república em todo o estado.
Polêmico e nacionalista
Neto de Maria Francisca Thon e Lorenz Kochenborger, imigrantes alemães, o major João Kochenborger Filho era, antes de tudo e orgulhosamente, um brasileiro. Nasceu em 4 de setembro de 1862 no lugar denominado Cavalhada, distrito de Cruz Alta, no município de Rio Pardo. Faleceu em 3 de fevereiro de 1916.
Um dos fatos que mais críticas foram criadas em torno do nome do major Joãozinho, deve-se a discriminação racial que a sociedade candelariense sofria no final do século 19, quando cidadãos de origem portuguesa não passavam na triagem para se associarem ao Deutchermännerggesangvereinhn Frohsin, a Sociedade Alemã de Cantores Masculinos Alegria. O major já havia advertido a diretoria que deveriam aceitar cidadãos dignos e de respeito como associados, mesmo que não fossem de origem germânica. Para alguns, ele teria invadido a cavalo o recinto da sociedade e teria dado um prazo para mudarem suas deliberações. Os dirigentes não ouviram as advertências do discípulo de Castilhos e quando no início do século 20 irrompeu a 1ª Guerra Mundial, onde a Alemanha do Kaiser era combatida, os arquivos da sociedade foram queimados para que não houvessem provas da discriminação sofrida por cidadãos brasileiros. Perante as autoridades ficou registrado que houvera um atentado de simpatizantes da guerra contra os alemães, entretanto, o prédio nada sofreu, somente seus arquivos.
Clube Rio Branco - Logo em seguida, a velha sociedade fundada em 06/07/1875, mudava o nome para Clube Rio Branco, mas mudava também as atitudes intolerantes e desprezíveis de discriminar famílias de origem portuguesa.
Pela brava e patriótica atitude tomada naquela oportunidade, o nome do major João Kochenborger Filho ficou marcado eternamente por aqueles que pensavam serem maiores que a história. E talvez seja por este motivo que até os dias atuais seu nome não conste em nenhuma homenagem pública.

• Por Orlando Carlos Freire Kochenborger
Bisneto do major João Francisco Kochenborger