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25/08/2009 16:56
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Enturma??o recebe cr?ticas de professores e alunos

A qualidade do ensino nas escolas públicas estaduais está prestes a descer mais alguns degraus com a implantação da “enturmação”, termo designado para juntar duas ou três turmas do mesmo ano em uma sala de aula. A fórmula, encontrada pelo governo do estado para resolver o problema de falta de professores, têm recebido severas críticas não só por parte do corpo docente, mas também dos alunos, que na quarta-feira, 22, em Santa Cruz do Sul, realizaram uma manifestação em protesto à decisão de fundir turmas. Mais de 1500 foram às ruas portando cartazes criticando a medida; destes, pelo menos 100 eram candelarienses.
Os professores da rede estadual são unânimes ao afirmar que o resultado da enturmação irá acarretar em uma queda significativa na qualidade da educação no estado. Para o professor Sadi Porto, conselheiro do 18º núcleo do CPERS, o aumento substancial de alunos nas salas de aula torna inviável aplicar uma educação de qualidade, o que tará reflexos no futuro. Ademais, a enturmação na metade do ano letivo traz reflexos negativos na aplicação dos planos de aula, o que influi diretamente no ritmo de aprendizagem. “A troca de professores muitas vezes complica, porque um não sabe qual o conteúdo que o outro havia passado”, avalizam alguns alunos da turma 201, do segundo ano do ensino médio da Escola Lepage, que antes da determinação eram em número de 18 e hoje são 28.
A junção de turmas, segundo Sadi, prejudica o acompanhamento individualizado, pois com o aumento do número de alunos, o professor não terá condições de acompanhar o desenvolvimento de cada um. Para ele, a iniciativa do governo é equivocada e se constitui em um descaso, uma vez que até então o Rio Grande do Sul era tido como referência em educação para o resto do país. “Com professores mal pagos e desmotivados e turmas maiores, que tipo de jovens vamos formar para trabalhar daqui a 10, 15 anos?”, indaga. Neste sentido, ele lembrou que os deputados estaduais tiveram um aumento de 21% e as indústrias foram beneficiadas com R$ 1,5 bi em isenção fiscal. “Existem outras formas de se fazer economia, mas pelo jeito a bola da vez é mesmo a educação”, resigna-se. “A conta da gravidade do problema deverá mesma ser paga no futuro”, avalia o professor. Para ele, as escolas do município têm realizado um excelente trabalho porque os prefeitos e secretários que se sucedem sabem que educação é um investimento e não um gasto desnecessário.

Vale a pena voltar atrás?
Não. Dizem, os alunos da turma 201 do Lepage. A sugestão é que o governo do estado pense em uma solução sensata para o próximo ano. Para eles, voltar atrás seria bagunçar tudo de novo.