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A sa?de vai ?s ruas pedir socorro
O Movimento Saúde para os Hospitais, criado no final do ano passado, realizou ontem, 27, um dia de parada total de atendimento em 240 hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul. Segundo os envolvidos, o movimento foi um grito desesperado pela situação precária do Sus, visando conscientizar a população para que também lute em defesa do sistema público, já que milhões de gaúchos têm atendimento único pelo SUS e que as casas de saúde são responsáveis por 70% deste atendimento.
Em Candelária, a paralisação também aconteceu e reuniu funcionários e direção da Sociedade Beneficente Hospital Candelária, além de representantes de entidades do município e de autoridades do executivo e do legislativo, que se juntaram para apoiar o movimento. Durante todo o dia os manifestantes se reuniram em frente à instituição em forma de protesto e distribuíram material impresso falando sobre a crise na saúde. Mesmo com a parada, a administradora do hospital, Ladi de Oliveira, garante que não houve prejuízos no atendimento, que deixou de realizar apenas cirurgias eletivas e atendimento ambulatorial eletivo.
Conforme Flamarion Galetto, presidente da Sociedade Beneficente Hospital Candelária, a parada desta segunda-feira teve a pretensão de mobilizar a sociedade e autoridades no sentido de mostrar a crise por que passam os hospitais filantrópicos do Estado. “Também queremos difundir o descaso dos governantes para uma questão primordial, que é a atenção à saúde do cidadão”, explica, ressaltando ainda a falta de definição sobre a ampliação de recursos para o setor. Conforme evidencia, há uma defasagem entre a correção monetária dos últimos anos, já que a tabela SUS reajustou, em média, apenas 33,7% desde 1994, enquanto a inflação do setor hospitalar foi de quase 400%.
CPMF – A polêmica CPMS (Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira) também é uma das preocupações do Movimento Mais Saúde para os Hospitais. Originalmente destinada de maneira integral ao Fundo Nacional de Saúde, para financiamento das ações e serviços de saúde, a CPMF hoje também tem outros fins. “Os recursos da contribuição deveriam ser exclusivos para a área da saúde, mas estão sendo desviados”, explica Flamarion Galetto. Opinião também compartilhada pelo prefeito Lauro Mainardi. “É lamentável que o foco da CPMF esteja sendo alterado e o dinheiro da contribuição roubado. Se fossem bem aplicados, esses recursos resolveriam o problema da saúde em todo o Brasil”, conclui.
O movimento
O Movimento Saúde para os Hospitais foi criado no final de 2006 e reúne hospitais, médicos, trabalhadores, conselhos de saúde, associações de usuários e entidades e tem como primeiro compromisso e objetivo salvar o Sus no Rio Grande do Sul, que há 12 anos não vislumbra nenhuma solução. O Movimento alega que é de conhecimento de todos a situação existente na saúde gaúcha, onde milhões de pessoas aguardam atendimento durante semanas, meses e até anos enquanto hospitais vão fechando, trabalhadores perdendo seus empregos e as comunidades vão ficando mais longe do direito do atendimento pelo SUS.