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Uma vida bagun?ada pelo preconceito
Mais do que qualquer outra coisa, o preconceito, de qualquer forma que se apresente, é a mais cruel injustiça da sociedade. Jorge Gildomar Kolbe, de 37 anos, sabe muito bem disto. Pintor predial autônomo, as portas da sociedade e do mercado de trabalho acabaram se fechando para ele assim que um boato se espalhou pela cidade. Aos ouvidos e línguas de muitos, ele tinha AIDS.
Desesperado e seguindo os conselhos de um amigo, ele procurou a imprensa. Segundo relata, já foram cerca de sete exames em distintos laboratórios de Candelária e também de outros municípios, todos deram “amostra negativa para HIV”. Com o último teste em mãos, na sexta-feira, 14, ele esteve na redação da Folha para esclarecer o assunto e mostrar a todos que é saudável. Kolbe explica que os comentários surgiram a partir de uma gastrite nervosa, que o fez emagrecer consideravelmente. “Agora, depois de todos estes testes, tenho esperança de que minha vida volte ao normal e consiga voltar a trabalhar”, conclui.
PARA REFLETIR – O desespero motivou Jorge Gildomar Kolbe a procurar a Folha de Candelária para gritar aos quatro cantos a verdade. Ele é a prova concreta de que o preconceito existe em todas as partes e se manifesta seja por questões raciais, sociais, ideológicas, entre outras. Quando aflora, qualquer tipo de convencionalismo é capaz de destruir uma vida, ou várias vidas. No caso de Kolbe, ele não é portador de HIV, isto já está mais do que provado. Porém, caso fosse, ainda assim não haveria motivo para o preconceito. Aids não é lepra e ninguém se contamina por conversar, respirar o mesmo ar ou até compartilhar um chimarrão com um aidético. Isto é desumano, é infame, é burrice!