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25/08/2009 16:56
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Mais uma vez Dia dos Professores

Feliz Dia dos Professores! Esta é uma frasezinha habitual que usamos costumeiramente para felicitar-nos pela passagem do dia 15 de outubro, mas neste outubro de 2007, como em tantos outros, o dia do professor terá de ser de muita reflexão e luta, sem nada a comemorar.
A governadora Yeda Crusius e sua secretária de Educação, Mariza Abreu, vêm, desde o início deste ano letivo, tratando a escola pública como gasto e não como investimento, promovendo o sucateamento da educação com descaso para os sujeitos do processo educativo: professores e alunos.
No primeiro semestre, os trabalhadores em educação foram retirados das bibliotecas e laboratórios de ciências e informática, impossibilitando o funcionamento dos mesmos; foram demitidos servidores dificultando a manutenção nas escolas; os serviços de supervisão e orientação pedagógica foram suspensos em muitas escolas e o governo sinalizou para redução do número de vagas para o ensino de jovens e adultos (EJA). Os educadores passaram a atender somente as salas de aula e muitos tratados com descaso foram remanejados para outras escolas sem o mínimo de respeito e humanidade. Houve suspensão das obras, atraso e redução do repasse de verbas destinadas à manutenção das escolas, aumentando com isto, a precariedade das condições físicas e estruturais das escolas estaduais.
Mas isto não seria suficiente para um governo classificado como neoliberal, no início do segundo semestre, mais uma medida de ataque a educação pública com o objetivo de economizar as custas da educação. Foi a assim chamada “enturmação”, que consiste em juntar turmas formando outras novas com até 50 alunos; e a volta da “multisseriação” que coloca alunos de várias séries juntos até completar o número ideal para a secretaria. Só quem não tem experiência de sala de aula, pode pensar que turmas tão numerosas possam ter bons resultados pedagógicos. Aliás quanto tempo faz que a secretária Mariza Abreu não entra em sala de aula?
Pensávamos em nossa vã filosofia que, pelo menos neste ano, não viriam mais medidas prejudiciais aos trabalhadores em educação, pois o governo se superou de novo, outra medida foi tomada no último dia 21 de setembro, dia em que encerrou o prazo de validade do concurso de 2005. Diferentemente do que tem ocorrido nas últimas décadas, a validade do concurso não foi prorrogada, com prejuízo para milhares de professores que foram aprovados. Para os cofres públicos também houve perdas já que, realizar um concurso público custa caro. Onde fica a propalada crise financeira do estado?
Formação para professores com almoço e ônibus gratuito, apoio pedagógico, aumento de salário (45%), concursos públicos com nomeação imediata, “dasacavalamento” de nível, professores recebidos e ouvidos no Piratini, constituinte escolar, orçamento participativo com espaço para educação, pagamento das promoções atrasadas, isto são coisas de outro tempo que deixamos para traz. Olívio, éramos felizes e não sabíamos.
Pais, alunos, comunidades escolares e todos os que sabem que um futuro melhor para o nosso estado passa por uma educação pública, nós professores ainda não desistimos de lutar pelo direito de nossos filhos. Indignados com as medidas de sucateamento das escolas e do ensino público, reunidos em assembléia geral, no início de agosto, declaramo-nos em estado de greve o que significa um alerta à sociedade gaúcha frente ao desmonte da escola pública. E agora dia 11 deste mês promovemos um ato público onde fechamos o Palácio Piratini, com 200 professores acorrentados às portas do mesmo, entendemos que o palácio não abre suas portas para o povo apenas para os grandes empresários, queremos abri-las para todos. O ato público promovido pelo CPERS reuniu além dos acorrentados mais uma grande multidão de servidores públicos, sindicalistas, pais e alunos da comunidade escolar gaúcha.
A comunidade escolar tem ido às ruas em todas as regiões do estado, promovendo atos, caminhadas e outras formas de mobilização com o objetivo de defender a escola pública. Um dos exemplos marcantes foram os alunos de Pelotas que acamparam em frente a CRE por mais de um mês e conseguiram bons resultados. Nossa 6ª CRE de Santa Cruz não ficou sem as manifestações de repúdio da comunidade escolar, mas numa atitude prepotente, de quem não está disposta ao diálogo fechou as portas que não se abrem para os anseios populares.
O CPERS/Sindicato está percorrendo todo o Rio Grande do Sul, através de mais uma de suas caravanas em defesa da educação pública; nestas ocasiões a entidade tem conversado com os educadores, pais e alunos, pois esta é uma luta de todos.
Não se iluda, este governo quer economizar em educação, saúde e segurança para dar aos grandes empresários, são bilhões de renúncia fiscal para os grandes grupos em detrimento das pequenas empresas obrigadas a pagar impostos que a governadora ainda quer aumentar. Conforme o DIEESE, esse ano o Estado deixará de arrecadar 7,2 bilhões de reais em renúncia fiscal. A governadora Yeda Crusius anuncia que existe uma previsão de déficit para 2007 na ordem de 1,2 bilhão de reais. A matemática nesse caso explicita o óbvio: se o Estado arrecadasse os impostos sonegados ou renunciados seria possível ter dinheiro. Com quem a governadora tem compromisso?
A luta pela educação pública e por um Rio Grande para todos não é uma luta apenas dos educadores, mas de pais e alunos e comunidades que desejam um futuro melhor para o nosso Estado. Pode realmente dizer “Feliz Dia dos Professores” àqueles que se engajam nesta luta justa por um Rio Grande para todos os gaúchos.

Sadi da Fontoura Porto
(CPERS/Sindicato - 18º Núcleo)