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Geral 20/05/2022 09:19
Por: Odete Jochims

Cursos de capacitação estimulam a prática do artesanato entre apenados

Além de evitarem a ociosidade, presos também passam a contribuir com a renda familiar

  • Tiago Kersting, Greici Carpes e Fernanda Weis junto de alguns trabalhos em couro e madeira

A rotina de uma penitenciária não costuma ser um objeto de interesse da maioria das pessoas. No entanto, quem passa a conhecer os projetos desenvolvidos no Presídio Estadual de Candelária pode ser surpreendido positivamente com o que acontece dentro dos muros da prisão. Merecem destaque, por exemplo, atividades desenvolvidas no setor do trabalho prisional. Além de possivelmente contribuir para a redução da pena, estas iniciativas laborais tiram os presos da ociosidade e servem para que estes aprendam um novo ofício.

Segundo a assistente social Fernanda Weis, o artesanato é, historicamente, um dos trabalhos prisionais mais comuns em instituições carcerárias. Isso porque se trata de uma atividade que não ocupa muito espaço e pode ser desenvolvida na própria cela, não demandando muitos recursos. Entretanto, o fomento ao artesanato por meio de oficinas e similares é algo que, nos últimos anos, passou a ganhar corpo na penitenciária candelariense.

O diretor do presídio, Tiago Lopes Kersting, explica que uma sala multiuso construída recentemente mudou o panorama deste setor. A estrutura permitiu que capacitações ou atividades similares passem a ocorrer na penitenciária. “Hoje temos um espaço adequado que serve tanto para a capacitação, quanto para atividades de leitura e educação, que também desenvolvemos no local”, ressalta.

Greici Carpes, psicóloga, conta que são desenvolvidos artesanatos, trabalhando em materiais como o couro; jornais e revistas; palitos de picolé; madeira em geral; entre muitos outros. “Depois de mais de dois anos de pandemia, os familiares voltaram a poder visitar os presos. Nessas visitas, a família traz palitos de picolé, a cola, revistas, e assim por diante. Quando o artesanato fica pronto, a família busca o produto para comercializá-lo. Então, nesse sentido, o ofício contribui imediatamente para a renda familiar do apenado”, explica.

TRABALHO PRISIONAL – O artesanato é apenas a ponta do iceberg do trabalho prisional. O diretor Tiago Kersting afirma que, dentro da prisão, praticamente todo o trabalho de manutenção é feito por presos. Há, por exemplo, a padaria (que é dirigida por um apenado), a cozinha (que também é conduzida por apenados), a manutenção da parte externa do presídio (que inclui jardinagem, corte de grama e cuidado com a horta), entre muitos outros serviços. “Esta sala de administração em que estamos, por exemplo, foi construída inteiramente com mão-de-obra prisional”, aponta.

PARCERIAS – Além do trabalho interno do presídio, também existe o trabalho externo. Nesse sentido, o presídio de Candelária faz parcerias com a Prefeitura Municipal, com a APAE, com a delegacia de Polícia Civil, com o Fórum, e assim por diante. A mão-de-obra prisional é utilizada nestes ambientes em serviços como jardinagem, doação de alimentos, reformas ou semelhantes. “Todas estas instituições tentam se ajudar. Não é em todo o lugar que existe um ambiente assim”, destaca o diretor.

VOLUNTÁRIOS – A administração do Presídio Estadual de Candelária informa que está à procura de um(a) artesã(o) que trabalhe com lã ou linha e esteja disposto(a) a dar um curso de forma voluntária na penitenciária. O objetivo, segundo os responsáveis, é ampliar os modelos de artesanato que já são desenvolvidos no local. Quem estiver interessado ou quiser mais informações, pode entrar em contato pelo fone: 3743-1554.

Por: Arthur Lersch Mallman