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25/08/2009 16:56
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Silos secadores trazem economia e vantagens na hora da venda

Há dois anos, Clécio Cláudio Gewehr, um produtor de arroz de Travessão Schoenfeldt, perdeu toda a sua safra. Não por problemas relacionados ao tempo ou falta de cuidado, mas em decorrência de problemas financeiros por que passou a cooperativa em que depositou o produto em nome de seu filho, Samuel Gewehr, 26. O arroz ficou retido por lá e até hoje ele não viu a cor do dinheiro. O risco de perder de novo o trabalho de um ano inteiro – quando muitas vezes leva-se algumas safras para colocar as finanças em dia – tirava o sono do agricultor. Mas ele ganhou novo alento após ler uma reportagem veiculada há alguns meses na Folha de Candelária. Nela, o técnico da Emater, Sanderlei Pereira, elencava as inúmeras vantagens na aplicação de uma nova tecnologia relacionada aos silos secadores, porém com tamanho maior aos experimentais lançados com pioneirismo em Candelária e agora com capacidade para até 10.000 sacos.
Gewehr não pensou duas vezes e foi ao escritório da Emater obter mais detalhes sobre o funcionamento e a construção do silo. Com o projeto em mãos, o agricultor não teve maiores dificuldades para obter o Pronaf Investimento na agência do Sicredi de Candelária. Agora, as vésperas de uma nova safra, Gewehr prepara-se para inaugurar seu silo secador com capacidade para 2.500 sacas. Segundo Sanderlei Pereira, o custo orçado para o secador de Gewehr é na ordem de R$ 18 mil, incluindo a varanda para abrigar o trator e reboque, o motor que irá fazer a aeração e o chupim – equipamento para carga e descarga do produto, o que facilita bastante a vida do produtor.
Mais vantagens – Além de não correr mais o risco de perder o arroz depositando longe de casa, outras economias são observadas para quem instala um silo secador. Uma delas é que o produto é secado a frio, e não havendo a oscilação de temperatura, como ocorre em secadores tradicionais à lenha, corre-se menos risco de haver quebra e o consequente rebaixamento no percentual de grãos inteiros – isso sem falar na economia na ordem de 7 a 8% que se paga quando a secagem é terceirizada. “Quando o próprio dono cuida do processo de secagem e armazenamento, sempre sai um produto melhor, o que representa também uma melhor venda”, observa o arrozeiro. A Emater estima que a diferença pode chegar de R$ 2,00 a R$ 3,00 a mais na hora de vender o produto. Com isto, em três anos o produtor já terá o retorno do capital investido no silo.
Outra boa notícia para os produtores de grãos é que o projeto é elaborado sem custo algum pela Emater, que faz previamente um estudo da viabilidade técnica de acordo com cada propriedade. O Sicredi, tanto na agência de Candelária quanto na de Cerro Branco, realiza o financiamento através do Pronaf Investimento, com uma taxa de juros de 3% ao ano e o pagamento em até oito anos. Segundo Sanderlei Pereira, a meta estabelecida pela Emater para este ano seria a construção de pelo menos dez silos secadores. No entanto, houve dificuldades em alguns produtores na liberação de recursos por outras instituições financeiras.

Uma alternativapara continuar plantando
Na Linha Brasil, o agricultor Egon Strassburger, de 58 anos, já pensava em abandonar o cultivo do arroz quando também leu a matéria da Folha sobre os silos secadores. Colhendo de 1.600 a 2.000 sacos em sua propriedade, ele via a pequena margem de lucro se esvair com as despesas e sobrar muito pouco na hora da venda. “O plantio estava inviável em razão dos custos de produção, frete, impureza, grão inteiro e secagem”, explica. “Então vi a reportagem e resolvi procurar a Emater para buscar informações sobre o silo”, complementa. Em fase de construção, o secador de Strassburger será utilizado já na próxima safra, agregando renda à propriedade e diminuindo os custos no preço final. Strassburger ainda deixa uma lição de economia, já que aproveitou quase que todo o material que antes dava forma a uma estufa de fumo. Para complementar, ele obteve financiamento do Sicredi e irá pagar o investimento, na ordem de R$ 16 mil, da mesma forma que a família Gewehr.

Lição de preservação e de como ganhar uma renda extra
Engenheiros e ecologistas nas horas vagas, os empresários Orlando e Sônia Lange, de Linha Brasil, são um exemplo de preocupação com a natureza e dela recebem um belo retorno pelo investimento. As áreas degradadas pelas máquinas que retiram a argila para a fabricação de tijolos da Cerâmica Candelária são depois transformadas em plantações de eucaliptos e, nos últimos anos, uma área de 25 hectares virou lavoura de milho. O carinho que dispensam à terra tem rendido ótimas safras. Os grãos são utilizados para a alimentação dos animais e o restante, comercializado. O casal também tem na propriedade o equipamento construído com a assistência da Emater. A exemplo dos outros produtores, Sônia viu na Folha a matéria dos silos secadores e também procurou o técnico Sanderlei Pereira para buscar mais informações sobre a tecnologia, só que em vez de um, construiu dois. Em pleno funcionamento, eles têm capacidade para armazenar 2.500 sacos, e o projeto das instalações que abrigam os silos foi de responsabilidade de Orlando. A novidade foi tão bem aceita que até os próprios colaboradores da empresa aceitaram o desafio de construir com tecnologia própria o chupim utilizado para a carga e descarga do produto.
Com o aval da empreendedora família Lange, a experiência de quem há anos retira da terra o sustento e atesta o bom funcionamento dos silos secadores, o apoio de instituições financeiras como o Sicredi e a assistência técnica da Emater, fica fácil apostar nesta tecnologia, que está mais do que provada que funciona. Então, por que correr riscos?

Importante
Todos os produtores se dispõem a mostrar o funcionamento dos silos como forma de difusão de tecnologia aos demais agricultores interessados. Maiores informações podem ser obtidas também na Emater ou pelo fone 3743 1113.