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25/08/2009 16:56
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Paci?ncia esburacada

Muitas vezes permanecemos indiferentes a problemas da sociedade por julgarmos que estes não interferem em nossas vidas... Porém, quando passamos a sentir na própria pele os motivos pelos quais os outros protestam, nossa posição tende a mudar. Afinal, o problema passa a ser nosso também e percebemos a necessidade de fazer algo a favor de mudanças positivas.
Acostumada a noticiasr a precariedade da RS 400 nas edições da Folha, limitava-me a informar, sem nenhum posicionamento opinativo, como mandam as regras básicas da ética jornalística. No entanto, este artigo é escrito não mais pela jornalista, mas pela cidadã que deseja compartilhar com todos sua indignação quanto à vergonhosa situação das rodovias gaúchas.
No início deste mês eu senti na pele... Em viagem ao Paraná para visitar meus irmãos, deparei-me com uma triste realidade: as estradas gaúchas estão um caos e a RS 400 é mais perfeito retrato disso. Em mais de 800 km percorridos, nenhum trecho é tão vergonhoso e degradante do que o que se estende de Candelária à Vila União. Em 26 km, o tempo estimado de viagem deveria ser de 20 a 30 minutos. Com um buraco atrás do outro, esta estimativa fica bem além.
No restante da viagem pelo do Rio Grande do Sul a situação talvez não seja tão catastrófica, o que não significa que não existam problemas. Buracos, remendos, falta de sinalização e acostamentos mal-conservados também existem às pencas. Traçar um comparativo entre as rodovias gaúchas, catarinenses e paranaenses chega a ser um despropósito. Nossos vizinhos têm estradas excelentes, algumas chegam a ser verdadeiros “tapetes”. E como fazem isso sem tarifação? Aqui, as únicas vias com boa trafegabilidade são as que possuem postos de pedágios, com cobranças bem generosas, diga-se de passagem...
Um estado com um grande potencial econômico e turístico tem que dar maior atenção a suas rodovias, que são o cartão de visitas para qualquer lugar que se vá. Essas desculpas dadas pelo Daer já não fazem nenhum sentido. Não falta material asfáltico, como já foi justificado pelo órgão para explicar a falta de conservação da RS 400. Falta é comprometimento, iniciativa e respeito ao contribuinte gaúcho, que, assim como qualquer outro brasileiro, também paga impostos e tem direito a boas estradas. Talvez seja necessário importar lições de gestão de outros estados, procurar apoio da iniciativa privada, ou, quem sabe, prender os corruptos e aplicar o dinheiro do povo no que é realmente urgente e necessário. Não sei como fazer, só sei que é preciso se fazer algo urgentemente, já que a paciência dos gaúchos está ficando mais esburacada do que as nossas rodovias.
Michelle Treichel • Jornalista