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25/08/2009 16:56
Por:

?queles que fazem da educa??o a poesia de suas vidas

Paulo Freire, com esta máxima, me impulsiona a escrever para ti, colega educador: “Ninguém começa a ser educador numa terça-feira às 4 da tarde. Ninguém nasce educador. A gente se faz educador, a gente se forma como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática.”
Quem sempre lutou pela educação neste Rio Grande está quase cansando. São sempre os mesmos, expondo-se, sacrificando-se, indispondo-se algumas vezes com as CRES e as direções de escola. Lutando por todos, e também pelo diretor que, às vezes, não percebe que o cargo é efêmero, passa. E todos voltam a ser professores, sem gratificação, sem dinheiro, sem poder. Isto por si só já é motivo suficiente para as direções apoiarem nossos movimentos.
É importante destacar que somente a organização e a luta da classe trabalhadora pode derrotar os projetos do governo que visam sucatear a educação e o estado do RS. Prova disso, foi a forte mobilização dos trabalhadores e de toda a sociedade gaúcha que, na tarde do dia 14 de novembro, impediu a aprovação do PL 389/07 e PLC 390/07, impondo uma grande derrota ao governo Yeda Crusius.
Caso o pacote econômico da governadora fosse aprovado, causaria um grande prejuízo para educação. Atualmente, o Tribunal de Contas não inclui no cálculo do percentual de comprometimento com despesas de pessoal, as pensões, auxílio-refeição, auxílio-transporte, auxilio-creche, bolsa de estudos, auxílio-funeral e IR dos servidores. Porque o PLC 390 propõe a inclusão destas despesas no cálculo. Hoje, a despesa com pessoal atinge 52,02% da receita corrente líquida. Poderia se chegar até 60% e não se estaria infringindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Porque com a inclusão dos itens acima descritos, a despesa passaria a 71,79%, excedendo mais que 11% e, com isto, haveria o corte obrigatório, para cumprimento da LRF, de concessão de vantagens, aumentos, reajustes, criação de cargos, empregos ou funções, admissão ou contratação de pessoal. Em outras palavras, a governadora incluiria outras despesas que hoje não fazem parte da folha de pagamento, com uma justificativa legal para não investir na educação.
Ainda que governo seja vitorioso na aprovação desses projetos, o salário ficará cada vez mais miserável e, pasmem, estaremos rogando que não nos tirem nada. Uma das possibilidades é a alteração no pagamento do difícil acesso. Poderemos receber apenas aquele salário limpo, sem “penduricalhos” e sem reajuste.Tudo respaldado pela lei de Responsabilidade Fiscal.
Diante desse triste quadro, ainda há alguns trabalhadores em educação que parecem adormecidos, inertes, quietos, acomodados. Muitas vezes, sem a vontade dos velhos companheiros de luta.
Existe um pequeno soneto, atribuído por alguns ao poeta russo Maiakovski, atribuído por outros, ao poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa, que me parece sintetizar de forma admirável a que se resume hoje a mobilização dos Trabalhadores em Educação: “Na primeira noite, tiraram uma flor de meu jardim e eu não digo nada. Na segunda noite, tiraram todas as flores do meu jardim e como eu não disse nada, eu não digo nada. Na terceira noite, invadem a minha casa, esmagam o meu canteiro, matam meu cão, arrancam-me a liberdade pela garganta e, como eu não disse nada, eu nada direi.”
Ou nós agimos agora, ou então nada restará a fazer, a não ser lamentar não termos tido união no momento em que precisávamos!
E amanhã o que será que irão nos tirar? Qual será o ponto que temos que atingir para que acordemos como categoria e como profissionais? Ou acordamos agora, ou não será mais preciso acordar. E, se sabemos que sozinhos somos pequenos, há obrigatoriamente a necessidade de nos aliarmos contra tudo e todos, que nos roubam descaradamente os nossos direitos, as nossas flores... Há necessariamente, a obrigação de defendermos a nossa profissão como sendo o estado maior de nossas vidas.
Todos, em 30 de novembro, na Assembléia Geral, no Gigantinho. Pois unidos, somos fortes!

• Rejane Henn
Diretora do 18º núcleo do CPERS
Santa Cruz do Sul