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25/08/2009 16:56
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Abrir a m

Nos últimos dias ou semanas, muito se falou sobre o pacote de impostos proposto pelo governo estadual, da prorrogação da CPMF em nível nacional e dos problemas ambientais em nível mundial. Independente dos lados políticos e financeiros, o interessante é analisar que: ninguém quer abrir mão do seu lado, ninguém quer abrir mão dos seus interesses.
Os problemas ambientais já estão sendo citados há alguns anos. É óbvio que os grandes líderes mundiais, os magnatas, os donos de hiper-indústrias, enfim, todos sabiam dos danos que causavam à natureza, mas isso pouco lhes importava. Pensavam apenas em seu lucro. Não estavam e não estão dispostos a abrir mão de suas vantagens. A não ser uma e outra atitude que gere um bom marketing. É irônico verificar que a maioria passou a falar de cuidados ambientais, não por estarem realmente preocupados, mas porque isso virou uma boa propaganda e com uma boa propaganda se pode ter mais lucro! Pouquíssimos pensam na justiça e no bem social.
Certo dia, um homem, pai de três meninos, comprou-lhes 15 balas. Largou todas elas sobre um armário e gritou para as crianças que havia um presente para elas. Os três meninos foram correndo, felizes, em direção ao armário. O primeiro menino conseguiu pegar 8 balas, o segundo pegou 6 e, para o terceiro, restou apenas 1 bala. Ao retornar o pai ouviu o terceiro menino reclamar que havia pego apenas uma bala. “Como?” – perguntou o pai – eu comprei cinco balas para cada um!?
No caso dos meninos, a solução era simples. Bastava uma divisão justa! Porém, como é comum do ser humano, o menino que pegara 8 achava-se no direito, pois tinha sido mais rápido, mais ágil. Contudo, não era este o desejo do pai. O pai comprou quinze balas. Ele comprou cinco para cada um, independente da agilidade.
Todos nós recebemos presentes do Pai do Céu. Mas, não estamos dispostos a dividir a bala que pegamos, não estamos dispostos a abrir mão do que temos. Parece que temos inveja das patas bovinas.
Não vou me admirar se os “cristãos” mudarem o seu jeito de orar. Penso que a maioria deveria dizer assim: “o pão MEU de cada dia ME dá hoje” e não: “o pão NOSSO de cada dia NOS dá hoje”.
É importante, dentro desta reflexão, analisar que o egoísmo está presente em todas as camadas sociais. É importante lembrar que não são somente os magnatas que precisam pensar diferente. Todos devem repensar! É necessário perceber onde que “eu”, individualmente, sou injusto. É preciso admitir que não somente o que recebeu 8 balas deveria devolver, mas o que recebeu 6 balas também necessitava abrir mão de uma de suas balas.
Estamos nos aproximando de mais um Natal. Se efetivamente queremos presentear o aniversariante, que é Jesus, compartilhemos algo do que temos com os menos favorecidos, pois é neles que o rosto de Jesus estará oculto. Devemos compartilhar não somente nossos bens materiais, mas também o nosso consolo, o nosso abraço, o nosso afeto, o perdão que alimenta e enriquece a alma.
Lembremos que o aniversariante, o Menino Jesus, abriu mão da glória divina para se tornar um de nós (Fp 2.), e na cruz do calvário ele literalmente abriu a mão para ser crucificado por nós, abriu mão de sua vida para pagar a culpa do nosso egoísmo, da nossa ganância.
Que os seus gestos e as suas palavras nos motivem a lutarmos e agirmos com justiça, afinal o mestre falou sobre negarmos a nós mesmos e tomarmos a nossa cruz (Lc 9.23).

Pastor Ismar Lambrecht Pinz
ismarpinz@yahoo.com.br