A difícil tarefa de salvar a vida de um familiar

Por volta das 2h da madrugada de sexta, 25, enquanto a cidade dormia, uma família tentava fazer tudo o que estava ao alcance para salvar a vida de um pai e esposo. Porém, quando amanheceu o dia, a notícia do falecimento de Vianei Patat trazia surpresa à população. Surpresa e incredulidade, por ele sempre ter demonstrado boa saúde e nunca ter se queixado de coisa alguma. Conforme as palavras da viúva de Vianei, Adriana Antonio, a sexta-feira havia sido, até determinado momento, um dia normal. A única questão que fez as coisas tomarem diferentes rumos era o modo de ser do lojista: segundo Adriana, Vianei sempre estava em atividade. Na própria sexta, por exemplo, ele esteve por duas vezes no telhado tentando melhorar o sinal da Sky. Mesmo assim, tudo transcorreu tranquilamente até o momento em que ele e a esposa foram dormir. Adriana conta que eles costumavam dormir abraçados, e percebeu algo estranho quando pediu a ele que se virasse, e não obteve resposta. Conforme ela ia percebendo o que ocorria, foi se assustando.

Chegou um momento em que Adriana, na tentativa de salvar a vida de seu marido, decidiu, por volta das 2h da madrugada, ir buscar socorro no Hospital Candelária , a duas quadras da casa onde moram. 'É o lugar para onde qualquer pessoa iria em busca de ajuda, quando o assunto é saúde e desespero", afirma. Enquanto ela se dirigia à casa de saúde, deixou o filho mais velho fazendo respiração boca a boca em Vianei. Ao chegar, ela foi informada de que teria de acionar o Samu - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, para que alguma coisa pudesse ser feita. Porém, diante da gravidade da situação, era algo inviável, considerando que, diante de uma vida humana em risco, cada segundo é precioso. Nesse início de final de semana, aquela seria a primeira vez que Adriana se sentiria totalmente impotente diante da realidade. Ao rememorar o episódio na tarde de quarta, ela fez a seguinte afirmação: "Agora eu vou ficar a vida inteira me cobrando por não ter agido mais rápido".

Como se sabe, Vianei Patat, aos 58 anos de idade, veio a falecer, vitimado por um enfarte. Uma nova jornada começava para a família enlutada.  Passada a sexta-feira, enumeravam-se a noite não dormida, a constatação da morte, o velório, a perplexidade causada pelos diferentes aspectos envolvendo tudo o que havia ocorrido, e também o enterro marcado para as 9h do dia seguinte, no Cemitério da Colina, em Sobradinho. Buscando algum descanso, Adriana e os filhos hospedaram-se na casa da artista plástica Liséte Gewehr. 

“Que tipo de pessoa faz isso?”

Em algum momento, seria necessário voltar para casa, para tomar banho e pegar peças de roupa. Na companhia de sua irmã de criação, diante de casa, Adriana logo estranhou a luz acesa em seu quarto. Dentro de casa, nada estava no lugar. Em busca de dinheiro, ladrões haviam revirado todas as peças de roupa existentes na casa, deixando-as todas no chão, por diferentes cômodos da residência. Foram constatados o furto de um cofre, três televisores, sendo um deles em 3D, entre inúmeros outros objetos, inclusive importados. Por não haver boletim de ocorrência, a polícia nada podia fazer. Por ser um sábado, não havia plantão na Delegacia de Polícia para registrar o BO.
Interrogada sobre como se sente em relação aos fatos, Adriana é enfática: "Me sinto de pés e mãos amarrados". Sobre o roubo: "Que tipo de pessoa poderia fazer isso com uma família enlutada?". Acerca de seu sentimento atual em relação a Candelária, ela é pessimista: "Tenho medo de dormir na minha casa, com meus filhos. As pessoas  - só muito poucas - se importam com o que acontece. Para a maioria delas, nada tem importância. Existe um descaso enorme. E logo em Candelária, que poderia ser um polo, com as proximidades de Santa Cruz do Sul e Sana Maria", conclui.