Romaria ao Botucaraí: celebração e encenação da Paixão de Cristo

O Morro Botucaraí voltou a reunir um grande contingente de pessoas na centenária peregrinação da Sexta-feira Santa. Em meio ao ir e vir dos que exercitaram a escalada até o alto do morro e dos que recolheram um pouco da água da fonte – com poderes de cura, segundo a crença popular -, por volta das 9h15 da manhã o padre José Carlos Stoffel iniciou uma celebração religiosa, valorizando toda a simbologia do local e destacando a mensagem cristã da Páscoa. Na reflexão transmitida, o sacerdote expressou os votos de que o sacrifício de Cristo sirva de inspiração para que os presentes desçam o morro com menos orgulho e mais humildade e esperança.

Na sequência, teve início a encenação da Paixão e Morte de Cristo, encenada pelo Grupo de Teatro Municipal Cara & Cor’agem desde 2006. A apresentação deste ano teve como narrador Simão Cirineu que, de acordo com a Bíblia, foi o homem forçado pelos soldados a carregar a cruz de Jesus em parte do caminho até o local da crucificação. Durante a peça, foram apresentadas alguns dos ensinamentos de Jesus Cristo durante sua existência. Foi mostrada, por exemplo a passagem em que uma mulher adúltera teria sido levada a Jesus. Prestes a ser apedrejada, de acordo com as leis da época, a mulher lhe foi trazida para deixá-lo em situação embaraçosa, sem coragem para defendê-la. Jesus então surpreendeu os que o rodeavam com um questionamento: “Quem dentre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. A encenação prosseguiu mostrando a famosa última ceia de Jesus com os apóstolos, a traição do apóstolo Judas, o julgamento no qual o povo escolheu Barrabás, um conhecido criminoso, para ser libertado ao invés de Jesus, condenado a crucificação.

O calvário de Jesus até a morte na Cruz foi acompanhado com silenciosa emoção por todos os presentes. Uma das cenas mais emocionantes da apresentação, foi a cena bíblica em que a Virgem Maria segura em seus braços o Cristo morto após ser crucificado, imagem reproduzida na escultura Pietà, de Michelangelo, reconhecida como uma das mais belas e impressionantes obras da história da arte. Na sequência, foram mostrados os acontecimentos que cercaram a ressurreição de Jesus Cristo, momento que marcou o final da encenação, acompanhado por merecidos aplausos do público. A professora Lilian Schünke, a coordenadora do grupo teatral, além de sua sempre emocionante interpretação da Virgem Maria, foi novamente a responsável pelo roteiro e a direção da peça. A exemplo do ano passado, Jesus Cristo foi interpretado pelo jovem Gustavo Lima Lopes, de 21 anos, igualmente muito elogiado por sua atuação.