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25/08/2009 16:56
Por:

Chocolate & Pimenta

Resgatando o Mate-doce
Antigamente, quando a mulherada se reunia para falar dos outros tomando mate-doce com bolinho frito, rapadura, sonhos ou bolachas, uma das coisas mais incômodas eram as moscas. Volta e meia tinha uma varejando por cima do morrinho de erva tentando sorver um pouco do açúcar que ficava pela borda da cuia e sobre o morrinho. Quando se via, eram duas, três, até formar uma colônia que cobria toda a erva. De tanto soprar as moscas, por vezes o morro desandava e o mate ficava feio que nem talho de navalha na bunda. Eu particularmente acho que foi por causa delas, as moscas, que o hábito de tomar mate-doce foi extinto. Por causa de fofoca é que não foi, pois elas continuam e com maior intensidade; mas como sempre procuro tentar resgatar os costumes do passado, dia desses me veio uma idéia fantástica: colocar Zero Cal ou qualquer outro tipo de adoçante no mate. Com isso, a venerável dona de casa não precisa de acessórios como açucareiro e colherinha, basta pegar o tubinho de adoçante e pingar.

Orgias de Momo
Não me acostumar com as mudanças dos tempos seria o mesmo que tentar entrar hoje nas calças da Op e nas camisetas da Energia que tinha aos 15. Porém, observo com um certo temor a evolução negativa de certas coisas, como, por exemplo, o Carnaval. Os blocos – alguém aí se lembra do Fuzuê e do Tiete? –, praticamente enchiam os salões do Rio Branco com o único propósito de seus integrantes se divertirem. As fantasias eram mesmo fantasias, não limitando-se a calção e camiseta como ocorre hoje. Não existia preocupação com a AIDS, pelo menos por aqui, se bem que nem lembro quando exatamente começou esta “febre”. Hoje, quando se fala em Carnaval, a fantasia vem em quarto plano, precedida, não exatamente nesta ordem, pela cerveja, pelos baseados ou carreirinhas de coca e a camisinha. A camisinha é a atração principal da festa do acasalamento, tão vasta a propaganda que governo faz, parecendo apologia ao sexo e dando de graça para que o pessoal dê, ou não dê (cria neste caso). A garotada chapada e caindo de bêbada pelos cantos ou vomitando escorada nos pilares me inspira a mudar o refrão da marchinha: “Quanto riso, oh, quanta alegria, mais de mil palhaços no salãão, gurizada vomitando e cheirando cocaína, no meio da multidão”. Por essas e por outras não me vejo entusiasmado para ir a lugar algum onde haja concentração nesta época. É uma pena que a folia de Momo tenha se transformado em orgias de Baco e acho que o vento tem a ver com isso. O ar de verão talvez esconda os mistérios do tesão. Sei não, mas acho que não sou só eu que pensa assim.

Classificadão
Vende-se um panetone de Natal, sem uso, ou troca-se por pão de sanduíche. Dou desconto por causa do bolor. Tratar comigo, aqui na redação.