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25/08/2009 16:56
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O amor e seus problemas

Nem o mais lindo dos pinheirinhos de Natal estava tão enfeitado quanto a moça com o pé escorado na parede da rodoviária numa dessas tardes quentes de janeiro. Rechonchuda, trajava um suplex preto até a metade da canela; os pés estavam enfiados em uma larga tira, encravada sobre um pau de lenha que, por sua vez, tinha um buraco na parte de baixo parecendo uma flor. Talvez fosse mesmo um tamanco, como observou um amigo mais atento às tendências da moda. Mas que parecia um pau de lenha com um tope em cima, parecia. Nas canelas tinha tanto cordão com miçangas coloridas que de tão grosso parecia a soga de ir buscar a “Mimosa” pra tirar leite. Aquela baby-look vermelha certamente não era dela; se fosse quatro números menor, talvez, mas primas e irmãs sempre dividem as roupas, mesmo sabendo que voltarão lasseadas. A barriguinha de fora, como bem colocou o filósofo Guilherme Rodrigues, era um prato cheio para criação de mosquitos da dengue. Sim, eles adoram pneus. Nos braços, muita discrição, só um relógio colorido num e trocentas pulseirinhas de miçangas no outro. Já vi frigideiras menores do que aqueles brincos, mas gosto é gosto e isto não se discute. O óculos de sol (ou seria para a sombra), enorme, estampava a grife KameL-Ô. Fiquei pensando: por que tanta vontade de se enfeitar e ficar fazendo pose com o celular na rodoviária. Descobri logo, quando desceu do ônibus um mancebo. Devia estar chegando de Porto Alegre; notei isto pelos jeitos e trejeitos característicos. Tirou o fonezinho do ouvido onde ouvia um hip-hop irado, falou “daê” e ganhou um beijo da moça. De repente, aquele imenso bermudão que serviria frouxo no Jô Soares ficou apertado na bunda e o bonezinho foi ao chão. Nunca compreendi muito bem esses rituais do amor e quando fui embora fiquei pensando no lado prático da coisa: quanto tempo teriam gasto até comportar na cômoda todos aqueles acessórios? E depois me perguntei: o que é mesmo que eu tenho a ver com isso?

Remédio para picada de vespas
Esses monte de enxames de vespas que estiveram veraneando em Candelária me permitiram estudar um pouco sobre o assunto e descobrir muitas coisas. Entre elas, um remédio que julguei assaz interessante. Trata-se de um elixir caseiro para picada de vespas. Anotem aí. Ingredientes: um limão (galego, de preferência), duas colheres de mel de abelha, 150ml de cachaça de alambique, quatro pedras de gelo. Modo de preparo: coloque o limão e o mel em um copo grande e mexa até que forme uma mistura homogênea. Acrescente a cachaça, misture de novo e coloque o gelo. Tome em cinco golotaços, um a cada dois minutos. Quando terminar, espere uns 10 minutos. Se ainda estiver sentindo o ferroaço, repita a operação. Mas se sentir tontura, você estará bêbado. Se for deitar e a cama girar, você estará bêbado. Se for vomitar, você estará bêbado. Mas vejam o lado bom da coisa: no outro dia você nem vai se lembrar que foi ferroado por uma vespa. Os bêbados geralmente não lembram de nada. Ah, e se beber, não dirija.