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25/08/2009 16:56
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Vespas escolhem lavoura de arroz para formar enxames

Depois de pelo menos seis pessoas serem ferroados por insetos semelhantes a abelhas na Vila Passa Sete, onde nove enxames invadiram uma lavoura de fumo, na semana passada foi a vez de uma lavoura de arroz em Linha Alta o lugar escolhido para os pequenos voadores se instalarem. O agricultor Nilson Hitz, que cultiva 90 hectares de arroz na localidade, foi quem acionou a reportagem da Folha para fazer o registro dos enxames que se acomodaram em arbustos ao redor da plantação. E não foram poucos. Como até então os insetos não haviam sido identificados, o técnico agrícola e apicultor Sanderlei Pereira, do escritório da Emater, atendeu ao convite para ver de que se tratava. A suspeita de que não eram abelhas mas, sim, de vespas, foram confirmadas por Sanderlei já na chegada, quando alguns dos insetos solitários ensaiaram as primeiras revoadas. Ele creditou o fato a um provável desequilíbrio ambiental, proporcionando condições excepcionais de reprodução, acima do normal.
PREDADORAS – As vespas são predadores que tem mandíbulas afiadas para dilacerar a comida e para agarrar as presas que leva às suas larvas. A língua é adaptada para a sucção de líquido e prefere alimentos doces pois proporcionam-lhe energia instantânea. Embora algumas espécies sejam solitárias, as vespas são, na sua maioria, insetos sociais e vivem em colônias de cerca de 5 mil indivíduos. As obreiras cuidam das crias em ninhos que elas próprias constróem. O ninho é feito para uma única rainha que pode pôr até 25 mil ovos por estação. Juntamente com as abelhas, as vespas são agentes polinizadores importantes, garantindo o bom sucesso dos nossos frutos e legumes. Principalmente no Verão, as obreiras são colaboradoras dos agricultores, matando as lagartas das plantações de soja e milho, que utilizam para alimentar as suas larvas.
CUIDADOS – Para quem se deparar com um enxame de vespas, a recomendação de Sanderlei é escapar “de fininho”. “Geralmente quem é ferroado reage dando um tapa no inseto. Isso acaba liberando uma substância que é o sinal para que o enxame todo ataque”, explica. “Se elas falassem, seria como ‘tem intruso atacando, vamos atacar também’”, exemplifica. Se alguém for atacado, principalmente na região do pescoço, o número de ferroadas pode resultar até na morte por asfixia. Como forma emergencial, a dica é tomar um anti-histamínico e buscar imediatamente atendimento médico. Sanderlei falou que para matar os camoatins, a forma mais fácil seria através do fogo. “Uma chama com jornal ou pano de algodão embebido em querosene queima com facilidade. Elas caem no chão e morrem”, explicou. A opção escolhida por Nilson foi deixar eles vivos, pois as vespas são consumidoras de lagartas, que geralmente são pragas nas lavouras. As vespas irão encontrar abrigo na mata nativa e ajustar sua população, pois também têm predadores. Por medida de segurança é importante não ir à lavoura sozinho, pois se acontecer algum acidente uma segunda pessoa pode prestar socorro. Outra dica importante do técnico é não fazer serviços noturnos.