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Peixe o que no deve faltar neste feriado
Tradicionalmente, os cristãos costumam não consumir carne vermelha na Sexta-feira Santa. Com isso, o peixe se torna prato comum na mesa das famílias. Pelo menos em Candelária, a promessa é de não faltar peixe neste feriado, conforme prevêem os feirantes da XV Feira do Peixe, organizada pela Emater/RS – Ascar em parceria com a prefeitura municipal. A feira, que acontece no lugar de costume, na Rua 7 de Setembro junto à Feira Ecológica Municipal, iniciou ontem, 19, e seguirá durante toda esta quinta-feira, 20, até o meio-dia da Sexta-feira da Paixão. Ao total, nove produtores estão envolvidos na comercialização dos produtos, a maioria deles comerciantes regulares com mais de cinco anos de feira.
Conforme Sanderlei Pereira, da Emater, este ano serão vendidos apenas peixes frescos (eviscerados) e congelados de diversas espécies, como carpa (capim, cabeça-grande, húngara e prateada), traíra, filé de traíra, pintado, jundiá, cascudo, piava, grumatã e dourado. A expectativa é de superar a comercialização de anos anteriores e vender mais de seis mil quilos de carne. “Peixe é o que não vai faltar”, prevê. Segundo argumenta, o aumento da oferta foi um dos fatores desencadeantes para este crescimento. “Nos últimos dois anos os feirantes venderam todo o produto, o que ratifica a aprovação dos consumidores”, ponderou. O técnico agrícola ainda lembra que o preço é livre e varia de acordo com cada piscicultor, mas antecipa que os preços serão atrativos e bastante acessíveis.
Quem marca presença novamente na feira deste ano é Rogério Schoenfeldt, do Rincão do Cedro. Em parceria firmada com Valter Gewehr e Egon Hintz para produção e comercialização, o produtor espera superar em 2008 a marca de dois mil quilos de carpas capim, húngara e prateada vendidas no feriado santo. Aos 58 anos, esta é a sexta vez que Schoenfeldt participa da feira. Segundo esclarece, boa parte de sua produção é oriunda de um processo ainda pouco conhecido da maioria, a criação em consórcio com o arroz, ou seja, junto com a lavoura. “Enquanto o ciclo do arroz evolui, as carpas ficam confinadas em um refúgio. Após a colheita, os peixes são liberados para a soca (resteva) do arroz”, explica.
Produção saudável
Neste processo, Rogério Schoenfeldt não utiliza nenhum tipo de herbicida ou agrotóxico na lavoura e a adubação é a mínima possível. “As próprias carpas produzem o adubo necessário e comem as sementes das plantas invasoras e pragas como bicheiras da raiz e caramujos”, justifica. “Não consigo produzir arroz sem carpas e nem carpas sem arroz. Eles se complementam”, completa.
Para Sanderlei, esta é uma boa alternativa de rentabilidade para os produtores de arroz, pois, segundo lembra, no último ano o valor pago por outras culturas como soja, milho e trigo praticamente dobrou, mas o preço do arroz se manteve estável. Enquanto isso, as cifras dos insumos também subiram. “A cultura do arroz está se tornando inviável. É preciso criatividade para aumentar o rendimento”, justifica. Bom exemplo disso é a produção de Rogério Schoenfeld, uma lavoura mais barata e significativamente mais produtiva.