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Geral 20/04/2019 11:48
Por: Redação

Encenação da via crúcis de Cristo emociona o público no Botucaraí

Tradicional romaria ao morro da Sexta-feira Santa atraiu mais uma vez pessoas de diferentes cidades da região

  • A dor de Maria, a mãe de Jesus: realismo das cenas emocionou os presentes
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
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  • Muitos dos presentes filmaram a dramatização dos últimos dias de Cristo
  • Muitos dos presentes filmaram a dramatização dos últimos dias de Cristo
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
  • A ressurreição de Lázaro foi mostrada na peça
  • Encenação da Paixão e Morte de Cristo
  • Teofredo (na cadeira de rodas): nunca vi nada tão lindo
  • Jodeli com os familiares: fé e vivenciar a natureza
  • Jodeli Dreissig: tradição em família
  • Muitas pessoas buscaram a água da fonte
  • Eduarda com a irmã Ana Carolina: vaga na universidade
  • Elena do Rosário: agradecimento por bênçãos
  • Marilene da Silva Braga: reza com velas

Uma tradição centenária em Candelária mostrou mais uma vez sua força e o grande apelo popular na sexta, 19. A romaria da Sexta-feira Santa ao morro Botucaraí atraiu um grande contingente de público, originário de vários municípios da região e até de cidades mais distantes, como era possível observar através das placas dos veículos no local. Mas afinal, o que leva tanta gente ao chamado monte santo? Respostas a esta indagação podem ser encontradas na obra “Candelária – Sua Gente e Sua História”, do historiador Aristides Carlos Rodrigues, publicada em 1993. O livro faz referência ao monge João Maria de Agostini, que viveu no morro no período entre 1846 a 1849. “Qual profeta do Velho Testamento, pregava a obediência a Deus e curava os enfermos, usando a força de sua fé, as virtudes milagrosas da flora ali existente e da água que brota cristalina e pura da sua base.” E a respeito da tradição em torno da peregrinação ao Botucaraí escreveu o historiador: “Marcas profundas foram deixadas na alma da gente simples que habitava a região, tanto que, até hoje, em cada Sexta-feira Santa, multidões buscam o morro para pagar suas promessas, subindo ao seu cume e bebendo água da fonte ‘santa’”. Como faz todos os anos, a Folha acompanhou de perto a romaria, que sempre proporciona ricos relatos de vida, conforme mostra esta reportagem.

A encenação da Paixão e Morte de Cristo pelo Grupo de Teatro Cara & Cor’agem enriquece a romaria desde 2006. Neste ano, de forma especial, a dramatização da via crúcis de Cristo emocionou o público, especialmente pelo realismo da peça. Em cena, os presentes acompanharam várias passagens bíblicas vividos por Jesus Cristo, interpretado de forma inspirada por Augusto Beber. A peça foi encenada sob o ponto de vista de Lázaro de Betânia, ressuscitado por Jesus em um de seus últimos milagres. Por isso, o personagem teve dupla interpretação: Elias Vandi Gonçalves na voz e Renan de Oliveira em cena. Chamou especial atenção mais uma vez a convincente e emocionante atuação de Lilian Schünke, como Maria, a mãe de Jesus. Como coordenadora do núcleo cultural da Accev, Lilian disse à Folha durante a semana que o único e mais precioso retorno para o grupo é o reconhecimento do público. Os aplausos e calorosos abraços recebidos ao final da apresentação mostram que o objetivo foi alcançado com sobras. Encerrada a encenação, seguiu-se a bênção de chás e águas a cargo da igreja católica. Não faltou também a tradicional reverência à imagem do Senhor Morto.

Relatos de fé, promessas e tradição em família

Entre os presentes à peregrinação ao morro, não é difícil identificar famílias inteiras cumprindo uma tradição, manifestando uma profissão de fé, que inclui o pagamento de promessas. A reportagem da Folha identificou, por exemplo, Marilene da Silva Braga, de 63 anos, moradora de Rio Pardo, rezando fervorosamente em frente a uma cruz identificada no local. Ela contou que já participou várias vezes da romaria. “É um lugar abençoado”, salientou ao mencionar gostar muito de vir para rezar, acender velas e assistir a celebração. Já a agricultora da Data do Ribeiro, Candelária, Elena do Rosário, disse que vem todo ano agradecer pelas bênçãos, especialmente em relação à safra de fumo, uma vez que a família não faz seguro da lavoura.

A jovem Eduarda Beatriz Grohe Gass, de 21 anos, participou da romaria ao lado da irmã Ana Carolina, de 16 anos, para pagar uma promessa feita por ter conseguido ingressar na Universidade Federal do Rio Grande. Natural de Santa Cruz do Sul e atualmente morando em Porto Alegre, Jodeli Dreissig, de 24 anos, subiu até o alto do morro ao lado do pai, da mãe, de uma prima e de um tio. Questionada a respeito de sua motivação, respondeu ser uma tradição de família, que mistura a fé e a vontade de vivenciar a natureza exuberante do lugar. A presença de Teofredo Tech, de 66 anos, chamou especial atenção da reportagem não apenas pelo fato de estar em uma cadeira de rodas em um lugar cujo acesso não é dos mais fáceis. Morador de Santa Cruz do Sul, Teofredo mostrou-se bastante emocionado durante toda a encenação. O seu relato revelou que sua emoção era plenamente justificada. Contou que há 25 anos fez uma promessa para conseguir um emprego na Philip Morris: subiria até o alto do Botucaraí. Atualmente aposentado na empresa, sentia-se em dívida por até então não ter cumprido a promessa, tarefa dificultada pela condição física causada pela coluna deslocada, nervos atrofiados e músculos fracos, segundo esclareceu. “Deus sabe que é impossível para mim subir até o topo”, observou, mostrando, no entanto, uma grande alegria de finalmente pagar uma dívida divina e de acompanhar a encenação. Enfatizou nunca ter visto algo tão lindo na sua vida. “Não chorei de tristeza, mas de alegria por assistir algo tão bonito e verdadeiro”, completou. Sem dúvida, uma história comovente de fé e perseverança, como tantas outras que se repetem todos os anos na Sexta-feira Santa no Botucaraí.