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25/08/2009 16:56
Por:

Editorial

Havia chovido muito durante o dia. Mas mesmo assim a sala da Câmara de Vereadores estava lotada para a solenidade de lançamento da Folha de Candelária, na distante noite de 18 de março de 1986. Via-se com isso que, antes mesmo de mostrar serviço, o jornal já recebia o apoio da comunidade. O país vivia um período de renovação. O povo voltava a sentir algo que havia se tornado artigo raro, perdido no tempo: esperança. O bem mais precioso de uma população. Muitos a sentiam pela primeira vez. Com a queda da ditadura, os meios de comunicação encontravam enfim a tão sonhada liberdade de expressão, e os jornalistas assumiam importantes compromissos. Ao menos esse era, desde o início, o ideal da Folha: ser um órgão para noticiasr a verdade, com o compromisso de sempre servir à comunidade, em todos os seus anseios. O produto distribuído aos presentes na solenidade era a materialização de um projeto com muitos meses de trabalho. Antes de tudo, era a concretização do sonho acalentado por duas pessoas em especial: Roque Mallmann e seu filho Marco.
Jornal não era novidade no município. Houve algumas tentativas anteriores, malogradas. Isso explica o ceticismo com que muitos candelarienses receberam o periódico. No entanto, além dos já mencionados, existia um outro ideal da recém-chegada equipe: mostrar que a Folha era um jornal que veio para ficar. O Regime Militar acabara, mas fazer jornalismo sério em um município pequeno não foi tarefa tão fácil como se pensara. Pois o público-alvo não havia ainda se habituado a ver o cotidiano de sua comunidade retratado de forma imparcial. Porém, a par de eventuais incompreensões, o jornal seguiu seu caminho.
Hoje são poucos os que lembram daquela noite, há 22 anos atrás. Nessas duas décadas, a trajetória da Folha de Candelária foi marcada por perdas, conquistas e, acima de tudo, muito trabalho. Um trabalho envolvendo muitas pessoas, todas deixando suas marcas pessoais, especiais. Muita saudade também faz parte dessa história. Uma interrogação permanece: o jornal, nesse período, cumpriu com seus ideais iniciais? Quem responde a isso é unicamente o leitor. Mas podemos ter uma idéia, mesmo que vaga, da resposta. Pois naquela distante noite surgiram pessoas que nunca, em momento algum, interromperam suas assinaturas ou fizeram qualquer reclamação, leitores que, há 22 anos, hoje duas vezes por semana, continuam recebendo seus exemplares. São assinantes da cidade, do interior, que, em alguns casos, pagam suas renovações até mesmo com antecedência. O aumento do número de leitores também é um fator significativo. E é a esses leitores, como a cada leitor que, às terças e sextas-feiras, fizeram da leitura da Folha parte do compromisso por nós assumido, que dedicamos esta edição. Um bom dia e uma boa leitura a todos!