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25/08/2009 16:56
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Sorvetes Gut projeta expanso

A Sorvetes Gut, que leva em seus produtos o nome de Candelária a 21 municípios, teve aprovado na sessão da Câmara da última segunda-feira, 1º de abril, o projeto de doação de um terreno pertencente à municipalidade na RSC 287, em local próximo ao complexo industrial da Gazin, só que no outro lado da via. Segundo explicou o empresário Clóvis Lisboa, a empresa já pretendia expandir seus horizontes, uma vez que nas atuais instalações a demanda só pode ser atendida por no máximo mais duas temporadas. Um dos fatores que contribuiu para o estreitamento de espaço na atual fábrica foi a aquisição de uma picoleteira, a única no estado que produz 2.000 picolés por hora.
Ao saber da lei municipal que contempla indústrias de transformação com incentivos, em outubro no ano passado Lisboa visitou o prefeito Lauro Mainardi para se habilitar. “Fui muito bem recebido pelo prefeito e na mesma hora me foi oferecido o terreno”, explicou o empresário. Clóvis se agradou e, de lá para cá, foram alguns pequenos entraves de ordem burocrática que acabaram atrasando a liberação de documentos exigidos pela prefeitura. O principal dizia respeito à documentação encaminhada à junta Comercial do Estado, onde já aparecia registrada a razão social Gut Sorvetes Ltda., com sede em Capão Novo. Ironicamente, a firma era do próprio Lisboa, que a havia registrado no município do litoral quando iniciou as atividades e, como não havia solicitado baixa, permanecia ativa. A questão foi resolvida com a recuperação da razão social, porém, a marca dos produtoes continua sendo Sorvetes Gut. Com tudo pronto, o executivo enviou o projeto semana passada para a Câmara, sendo aprovado por maioria dos votos – Leonir Menezes se manifestou contrário, Rui Porto, Rosani Moura e Marco Larger se abstiveram de votar, invocando o que prevê a Lei 9.504/97, alterada pela Lei 11.300/2006, que proíbe a distribuição de bens de qualquer tipo pela administração pública no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2008 (veja os pronunciamentos na sessão Resumo da Câmara).

Vem novidade por aí
A pequena fábrica de sorvetes iniciou há aproximadamente 10 anos, em um espaço com menos de 30m² aos fundos da Sorveteria Gut, na avenida Pereira Rego. Na ocasião, Clóvis dividia a função de sorveteiro com a de agente lotérico, fabricando picolés e sorvetes para atender à demanda local e para a região da serra. Em pouco tempo, a aceitação dos produtos foi tão grande que ele se viu obrigado a mudar a linha de produção para as atuais instalações, na Thompson Flores. A chegada da tecnologia, como a picoleteira capaz de produzir 2.000 picolés por hora, em três sabores no mesmo palito e, ainda, picolés recheados, praticamente obrigou a Gut a investir em uma sede própria. Ainda mais depois da experiência em fornecer seus produtos para uma sorveteria de Capão da Canoa, o que despertou o interesse de empresários de outros municípios que provaram, aprovaram e agora querem os produtos em seus municípios também.
ENTRESAFRA – Na alta temporada – leia-se verão – a Gut tem em seu quadro funcional 15 colaboradores, número que diminui consideravelmente a partir de março. Por isso, o empresário não pensa somente em expandir horizontes e espaço físico para a fabricação de sorvetes. Nos últimos anos, ao lado do filho Gian Carlo, ele amadurece a idéia de também fabricar pizzas e vendê-las congeladas, preenchendo a lacuna existente na entresafra, mantendo o quadro funcional e aproveitando os 300 freezers que possui nos pontos de venda nos municípios que atende.
PROJETO – O projeto da nova fábrica da Gut ainda está no papel, até porque a doação do terreno ainda não foi oficializada, mas já pensando no futuro e aproveitando a localização estratégica do terreno, Clóvis Lisboa pensa em algo como um quiosque para degustação em frente à nova fábrica, uma ampla sala de produção e escritórios e espaço para estacionamento. Por outro lado, ele acredita que os planos não saiam do papel antes de 2010, isto porque existe uma série de fatores que têm de ser observados, principalmente no que diz respeito à liberação da Fepam, já que os resíduos dos produtos de limpeza do maquinário necessitam de tratamento antes dos efluentes serem liberados para o meio-ambiente. Por fim, o empresário aproveitou ainda para agradecer o empenho da prefeitura e da Câmara de Vereadores pela aprovação do projeto na segunda-feira.

Projeto foi aprovado, mas doação não foi consolidada
A polêmica criada em torno da aprovação do projeto da Gut Sorvetes se deu em razão da lei 11.300, que regula as doações em ano eleitoral. Existe a interpretação de que é legal a doação se o projeto social é previsto em lei, desde que já esteja na previsão orçamentária no exercício anterior. O prefeito Lauro Mainardi não quer arriscar alguma punição. Na quarta-feira, ao ser indagado sobre o que faria a partir da aprovação pela Câmara, o chefe do executivo respondeu assim: “Não sou nem débil nem demagogo, mas a aprovação garantiu a doação do terreno”. Sobre a oficialização, já é outra história. Mainardi salientou que resolveu mandar o projeto à Câmara antes que algum outro município levasse a empresa daqui. “Se a lei diz que não é possível, vou doar quando der”, adiantou. “Por outro lado, quando doavam áreas verdes, terrenos do municipío e túmulos, nada acontecia. Isto sim, configuravam propostas eleitoreiras, caixa de voto. No meu caso é preocupação de ter a empresa aqui gerando renda e empregos”, emendou. “Não olho voto, não olho a pessoa, não olho período eleitoral, vejo o melhor para o município”, concluiu.

O que diz a Lei
A lei 11.300, no artigo 73, § 10, diz o seguinte: No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa.”