Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Acerto de contas acaba em morte

A reforma inacabada de uma residência na rua Daltro Filho resultou na morte do pedreiro Jari da Rosa, de 42 anos. Ele foi alvejado por pelo menos três tiros de revólver calibre 32, desferidos pelo agricultor Rogério dos Santos Moraes, de 52. O crime ocorreu na residência de Moraes, na rua Daltro Filho, 1275, por volta do meio-dia do último domingo, 27. Preliminarmente, a vítima apresentava um ferimento à bala na altura do peito e dois nas costas, o que somente deverá ser confirmado pelo exame de necropsia.
Segundo o registro na Delegacia de Polícia, a discussão envolvendo Moraes e Rosa iniciou a partir de um desacerto relativo a uma obra na residência do agricultor. Moraes teria contratado Jari e seu irmão, Jânio da Rosa, também conhecido por “Móise”, no início do mês de março, para reformar sua casa. Extraoficialmente, o pagamento pela empreitada seria R$ 500,00 em dinheiro além de uma porca e uma égua, acertado verbalmente entre as partes. Segundo a versão de Moraes, teriam se passado dez dias quando ele entregou o porco aos irmãos e mais R$ 250,00 em dinheiro, ficando acertado que a égua seria entregue ao final da obra. Descontentes, Jari e Jânio teriam desistido de concluir o serviço, e que, sem autorização, Jari teria levado a égua do potreiro.

COMUNICAÇÃO FALSA – Informações obtidas na Delegacia de Polícia indicam que Rogério Moraes teria efetuado um registro de ocorrência no dia 24 de março, em que acusa Jari Rosa de ter furtado a égua de sua propriedade no dia 16 daquele mês. A polícia passou a investigar o fato e, após ouvir a versão das testemunhas e dos envolvidos, constatou que Moraes teria mentido sobre o ocorrido, sendo autuado por falsa comunicação de crime, uma vez que havia acordado a entrega do animal como parte do pagamento aos irmãos.

DEPOIMENTO – Acompanhado do advogado Astor Arnaldo Gewehr, Rogério Moraes compareceu na Delegacia de Polícia na tarde de segunda-feira, 28, para prestar esclarecimentos a respeito do episódio. Ele argumentou que estava preparando um churrasco ao meio-dia de domingo, nos fundos de sua residência, quando sua filha de 12 anos avisou que havia alguém lhe chamando. Ao sair pela lateral da casa, notou a presença de Jari, que teria dito que: “Vim cá te matar”. Moraes então teria pedido para que Jari fosse embora e continou se aproximando até chegar aos fundos da residência. Diante de insistentes tentativas de mandá-lo embora, Moraes teria entrado em casa e apanhado seu revólver Taurus calibre 32 e colocado na cintura, voltando para a churrasqueira. Quando chegou, o pedreiro o teria ofendido, dizendo “tu não é homem, tu é um sem-vergonha e eu vou te matar”. Neste instante, o agricultor teria sacado o revólver e efetuado um disparo para cima e, segundo ele, Jari teria colocado a mão direita na cintura, dando a impressão de que iria sacar uma arma. Moraes contou que então teria efetuado mais três disparos, desta vez em direção a Jari, que não tombou no local e saiu caminhando em direção à rua. Depois disso, o agricultor teria entrado em casa e, momentos após, foi comunicado por sua sobrinha, de 16 anos, que o homem estava caído à beira da via. Rogério contou que ficou apavorado com o fato e que fugiu do local por meio de lavouras, levando a arma do crime, que alegou ter perdido no trajeto. Sobre a égua, disse que foi levada sem autorização por Jari de seu potreiro, já teria acertado a liberação do animal ao final da reforma, o que motivou uma ação judicial contra o pedreiro. A respeito da diferença do valor em dinheiro, alegou que foi acertado o pagamento de R$ 250,00, que foi integralmente repassado aos irmãos.

O segundo do ano
O homicídio de Jari da Rosa foi o segundo registrado em 2008. No dia 23 de janeiro, Alveri Ferreira Prestes, 42 anos, foi morto a facadas na localidade de Passa Sete, próximo a Ponte do Império. O acusado de ter cometido o homicídio foi o afilhado da vítima, Osvaldo de Moura, de 24 anos. A morte de Prestes teria sido motivada por um desentendimento entre as partes.