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O bruxo e suas vidncias
Este pobre e humilde colunista assume publicamente o débito com seu dileto público, certamente sedento de histórias mirabolantes, fantasiosas e muitas vezes verídicas. Acontece que ultimamente o pessoal lá da Câmara resolveu dar publicidade para minha pessoa, o que me deixou profundamente embevecido e agora ando “me achando” por causa disso. Como forma de reconhecimento pelas citações recebidas, me vejo envolto em pensamentos e na redação de projetos de lei com uma boa dose de fundamento para enviar de graça à câmara; por conseqüência, não tenho tempo de fazer a coluna. Peço perdão aos leitores, na esperança de que minha atitude sepulte de vez a idéia dos assessores parlamentares, afinal, se qualquer um, tipo eu, pode fazer projetos de graça, para que gastar dinheiro à toa, né? Vamos colaborar com nosso parlamento e ajudar na economia pública. E já tem projetinho no forno; o que posso adiantar é que se chama “Lei da Vaca Amarela”, uma alusão à velha brincadeira de criança. Pela forma original, após a leitura do versinho, todo mundo era obrigado a ficar quieto; quem falasse primeiro teria que comer a bosta da vaca amarela. Pela nova redação da lei, todo mundo será obrigado a ficar quieto, sob pena de ter que ouvir muita porcaria. Entenderam?
Já que toquei no assunto assessoria, nesta semana o presidente do legislativo saiu em defesa da assessoria de imprensa da casa. Isto porque na semana passada, na coluna “Radar”, ali da página 6, salientei que em mais de 35 dias só foi repassada uma matéria para a Folha de Candelária desde que o assessor foi contratado. Em seu pronunciamento, o presidente disse que não adiantava mandar matérias para a Folha, porque uma vez ele concedeu entrevista para este modesto colunista e nada saiu. Neste sentido, cabe salientar duas coisas. Primeiro: eu já estou cansado de explicar que a matéria não saiu porque o presidente fez apenas uma denúncia verbal em que dizia ter documentos provando uma certa irregularidade. Ele não quis fornecer cópias de tais documentos, que seriam fundamentais em minha defesa caso fosse acionado judicialmente. Ora, bolas, qualquer coió sabe que acusar sem ter como provar é pedir para levar choque. Segundo: eu conheço o presidente desde os tempos da escola, fomos colegas, porém, além da inteligência, fui privilegiado ainda com o dom da clarividência. Eu sou quase um bruxo, acreditem.
Pois imagine, senhor presidente, se eu publico a matéria e alguém que se diz injustiçado pelo teor e leve o caso adiante? Até hoje tenho calafrios por causa disso. Ainda bem que naquela ocasião alguma coisa me disse que seria prudente para a imagem da Folha e para o bolso do senhor não colocar nada sem provas cabais. Fui probo para comigo e para com o ex-colega de aula, mas parece que não houve reciprocidade no entendimento, logo explico.
Na “casa do povo” muito se tem falado em parcialidade e imparcialidade, mas uma coisa me intriga: imparcial é a imprensa que divulga matéria de página inteira salientando virtudes, plano de governo e foto gigante de pretenso candidato em frente à sede da prefeitura ou aquela que busca divulgar potencialidades e as coisas boas que acontecem no município? Em vez de me criticar, senhor presidente, seria de bom tom me agradecer por não ter arranjado de graça outra questão similar a que vossa excelência está respondendo na Justiça por propaganda eleitoral extemporânea, assim como o órgão de imprensa da cidade que divulgou a matéria. Esta, sim, no meu entendimento, talvez seja a mais perfeita caracterização de “imprensa parceira” ou, na pior das hipóteses, me faria pensar que existe algum tipo de vínculo.
Por fim, um humilde pedido: determine à assessoria de imprensa que mande também para a redação da Folha as notícias de nosso parlamento. Se o teor for de interesse da coletividade, teremos o máximo prazer em divulgar. Se prevalecerem outros, que visem tão somente questões eleitorais ou pessoais, digo de antemão que não serão aproveitados. Por fim, agradeço toda a publicidade a mim concedida, mas, acredite, isso não irá somar em nada em relação à minha vida profissional ou mesmo pessoal. Abraços a todos e muita paz de espírito.