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25/08/2009 16:56
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Vestgios da pr-histria

Acadêmicos da cadeira de paleontologia dos cursos de Geologia e Biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Ufrgs - realizaram no último sábado, 17, um trabalho de campo em Candelária. O grupo, liderado pelo professor doutor César Leandro Schultz, observou o afloramento de fósseis existentes no quilômetro 145 da RSC 287, na localidade de Sesmaria do Cerro, que é monitorado por voluntários do museu municipal Aristides Carlos Rodrigues. Na ocasião, os acadêmicos foram surpreendidos por uma nova aparição de vestígios de animais do período triássico - que viveram a cerca de 220 milhões de anos.
Daquele lugar já foram retirados vários fósseis, como o de um dicinodonte, o único fragmento de um fitossauro, ossos de dinossauro que, embora não se saiba exatamente qual é, e único fragmento anfíbio do final do período triássico e são existentes somente em solo candelariense. Segundo Schultz, a riqueza paleontológica do local é evidente, já que em todas as incursões feitas foram encontrados fragmentos. O professor explicou que existe um nível dentro do barranco que costuma ser mais rico que os outros. Neste último trabalho, foram encontrados mais pedaços de dicinodonte e um osso longo e oco por dentro, parecendo ser de um dinossauro, o que despertou a atenção do professor.

ISOLAMENTO - No domingo à tarde, a pedido de Schultz, a equipe voluntária do museu esteve no local para fazer o trabalho de isolamento do material encontrado, segundo informou a curadoria do museu candelariense, pois, segundo ele, as intempéries podem danificar os fósseis. Schultz ponderou que a Universidade não dispõe de dinheiro para pesquisas, e que geralmente as verbas são captadas pelos próprios professores junto a entidades que se propõem a colaborar. Em 2006, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Teconológico - CNPQ - liberou auxílio para coletas em expedições até 2008. No entanto, a verba é somente para custear pequenas despesas e deslocamento para os trabalhos de campo. Por esta razão, esta semana o museu deverá gestionar junto ao poder público municipal a cedência de uma retroescavadeira para facilitar o acesso ao nível em que encontram-se os fósseis. A escavação deve ter a profundidade máxima de dois metros para não comprometer a qualidade do material, o que também irá facilitar sua observação.

QUALIDADE - O material encontrado no sítio paleontológico na beira da RSC 287 apresenta ótima fossilização, razão pela qual o paleontólogo César Schultz acredita que vale a pena investir na estratégia. “Não sabe se é coisa nova ou mais do mesmo”, reiterou. “Mas mesmo que seja mais do mesmo ainda não temos fósseis de animais completos”, emendou. “Tudo que temos são partes, mas quanto mais informação, melhor, e acredito que possa aparecer até coisa nova em função da quantidade ali existente”, salientou. Por sua riqueza histórica, Candelária tornou-se nome de batismo de dois animais pré-históricos: o guaibassaurus candelarienses e jachaleria candelariensis, razão pela qual espera-se o aval do município no trabalho de retirada do material para estudo.

Importante
Os voluntários do museu Aristides Carlos Rodrigues não só monitoram os atuais afloramentos como também descobrem novos, acionando a equipe do Dr. Schultz. Desta forma, são responsáveis pela qualidade e integridade do material coletado em Candelária, exposto em museus de várias partes do mundo.