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25/08/2009 16:56
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Vtima da fatalidade

Ironicamente a água, uma das paixões do candelariense Jorge Luis Ellwanger, tirou sua própria vida. O gerente aposentado do Banco do Brasil, de 52 anos, e bombeiro voluntário há sete, morreu afogado no rio Jacuí, na localidade de Pertille, em Cachoeira do Sul, por volta das 10h30 da quinta-feira, 22. Após auxiliar a corporação dos bombeiros local no combate às chamas que dizimou o prédio da Cotrican, no Pinheiro, interior de Candelária, Jorge e sua esposa, a professora Marlene Ellwanger, dirigiram-se ainda cedo à localidade, onde possuem uma residência e iriam aproveitar o feriado de Corpus Christi.
SOCORRO – Vencedor de várias etapas dos certames gaúchos de Motonáutica, o exímio piloto não sabia nadar e estava sem o colete salva-vidas quando tentava manobrar sua lancha junto ao rio que passa pelos fundos de sua casa. Um barqueiro que estava no outro lado da margem do Jacuí teria assistido a tudo. Ele contou que viu Jorge pilotando o barco e, logo em seguida, escutou um barulho vindo daquela direção. Segundo o barqueiro, Jorge foi jogado ao rio, onde se debatia na tentativa de chegar à margem. Ao ver o desespero da vítima, o homem foi em sua direção com o objetivo de prestar socorro, mas quando chegou ao local o corpo de Ellwanger havia submergido e não mais voltou à tona.
Imediatamente o corpo de bombeiros de Cachoeira do Sul foi acionado para o resgate, trabalho que teve auxílio dos colegas voluntários de Candelária. Durante toda a quinta-feira as corporações vasculharam grande parte do rio. Os trabalhos foram interrompidos à noite e reiniciaram já na madrugada de sexta-feira, 23.
RESGATE –Exatamente às 11h10 da sexta-feira, os sinos da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, comunidade da qual Jorge foi integrante da diretoria, também anunciavam à cidade a triste notícia. O corpo do bancário foi encontrado pelo empresário candelariense Roberto Gewehr, o “Beto Moto”, que também possui casa no local. Ele e o funcionário da Viação União Ênio Flores, com o auxílio de cordas e ganchos, conseguiram tirar bancário da água, há aproximadamente 50 metros do local do acidente. Após o resgate, o corpo foi encaminhado para exame de necropsia no posto do Instituto Médico Legal de Cachoeira do Sul.
Os atos fúnebres foram realizados na Igreja Cristo Salvador, de Linha Curitiba, até as 9h do sábado, 24, quando o corpo seguiu em uma viatura do Corpo de Bombeiros de Santa Cruz do Sul em cortejo que reuniu bombeiros de Candelária, Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul, colegas do Banco do Brasil, familiares e amigos até o cemitério Steil, na mesma localidade, onde Jorge foi sepultado às 10h.

Uma trajetória marcada pelo envolvimento comunitário
Filho de Elemar Artur Ellwanger e Olanda Steil Ellwanger, Jorge Luis nasceu no dia 20 de setembro de 1955. Depois, como estudante da Escola Técnica de Comércio Candelária – atual Concórdia/Ulbra –, formou-se técnico contábil e passou a trabalhar na secretaria do educandário. Depois, prestou as provas para o concurso do Banco do Brasil, no qual foi aprovado e chamado para desempenhar suas funções na agência de Espumoso em 10 de março de 1977. Foi lá que conheceu sua esposa, Marlene Ana Ellwanger. Em dezembro de 1980 foi transferido para Candelária e em 21 de janeiro de 2003 foi promovido a gerente de expediente, cargo em que se aposentou em 29 de junho de 2007.
As atividades de Jorge Ellwanger não se resumiam às do expediente bancário. Muito além disso, engajava-se em campanhas de cunho comunitário e social. Participava ativamente nas ocorrências do Corpo de Bombeiros Voluntários de Candelária e, por muitos, anos atuou como membro da diretoria da comunidade Evangélica Luterana Cristo. Com apenas 52 anos, deixa um legado de abnegação, reconhecimento e, sobretudo, de cidadania à comunidade que tristemente assistiu sua partida. Jorge deixa enlutada a esposa Marlene. O casal não teve filhos.