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25/08/2009 16:56
Por:

Pai Agressor

O mundo esportivo traz muitas emoções com cenas de vitórias, derrotas e superações. Contudo, a cena que chocou o mundo não era de conquista, também não era uma cena de mero lamento da derrota: tratava-se de uma cena de agressão.
Eu sei que agressão não é novidade em esportes. Afinal, os ânimos estão exaltados! Muitos são os árbitros e jogadores que já foram agredidos. Porém, a cena presenciada na Austrália foi vergonhosa e deprimente! A nadadora Kateryna Zubkova foi desrespeitada pelo seu treinador, que para piorar a situação era o seu próprio pai. Ele, o senhor Mikhail Zubkov, foi flagrado pela câmera de um canal de televisão da Austrália agredindo a sua filha porque ela não fora classificada.
O pai, aquele que deveria afagar a filha, consolá-la, abraçá-la, acaba agredindo-a com fúria descontrolada! Apesar da tristeza do fato, alegrei-me em reparar que o mundo ficou chocado, espantado com a atitude deste pai. O pior seria se todos achassem normal. O pior seria se todos concordassem com esta agressão.
O Senhor Jesus contou a história de um filho que merecia ganhar umas boas palmadas de seu pai. Na história, não encontramos o nome deste filho, mas ele ficou conhecido como o filho pródigo (Lc 15.11-32). Esse guri, de maneira arrogante, disse que estava cheio de viver com os pais e pediu a parte de sua herança. Indiretamente, pedir a sua parte da herança era como afirmar que desejava ver o pai morto. O rapaz, após demonstrar tão grande desprezo pelo pai, saiu de casa com muita grana. Acabou gastando tudo nas lojas e nas baladas daquela época. O guri, sem dinheiro, ficou numa situação tão difícil que acabou entre os porcos. Arrependido e humilhado, o filho volta para casa. O pai foi misericordioso. Ele não surrou o rapaz, antes o recebeu com um caloroso abraço e preparou uma grande festa! Tudo isso decepcionou o filho mais velho deste mesmo pai. Afinal, este continuou com ele, trabalhando e pegando no pesado, enquanto o outro fez o que fez e ainda recebeu um abraço festivo.
Essa história, contada por Jesus, chocou os seus ouvintes, assim como a história da nadadora na Austrália. Contudo, na história de Jesus os ouvintes achavam que o pai não deveria receber o filho. Nesse caso, a surra era a atitude esperada e não o abraço.
Na história de Jesus, o pai descrito é o próprio Deus, que espera e ama todos os seus filhos, é um pai misericordioso, é um pai que perdoa, é um pai que lamenta quando nos afastamos, mas que nos recebe ao nos arrependermos.
A reflexão que devemos fazer é sobre como nós somos. Sobre que tipo de pai, que tipo de mãe eu sou? Que tipo de filho, que tipo de irmão, de colega, que tipo de amigo? Sou do tipo que não aceita erros? Sou do tipo que não consegue superar a derrota? Sou do tipo que não perdoa?
A vida, assim como o esporte, é cheia de emoções! Derrotas e vitórias fazem parte do dia-a-dia e muitas coisas nos chocam, entre elas cenas tristes como estas vivenciadas na Austrália, contudo, marcante, diferente, brilhante e principalmente profundo são os atos de misericórdia, de afago, de amor. Um tapa, um soco, uma agressão podem deixar marcas, mas o amor demonstrado em um abraço agride as mágoas, destrói a tristeza, acaba com a frieza e aquece o mais congelado coração. O bom é saber que, mediante a fé em Jesus, temos um Pai do Céu que nos abraça, nos ajuda e nos faz vencedores no jogo da vida, apesar das derrotas do dia-a-dia.