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Geral 08/04/2023 11:25
Por: Redação

Sexta-feira Santa: tradição e fé no morro Botucaraí

A romaria ao chamado cerro santo reeditou uma peregrinação centenária de fiéis que acompanharam a encenação da Paixão e Morte de Jesus

O dia amanheceu cinzento, com ameaça de chuva a qualquer momento. Mesmo assim, centenas de pessoas reeditaram mais uma etapa de uma romaria que se repete há mais de 100 anos: a peregrinação ao Botucaraí – chamado de monte santo pelos índios tupi-guarani – na Sexta-feira Santa, 7. O local é cercado de misticismo por ter sido habitado pelo monge João Maria D’ Agostini, entre 1846 e 1848. Segundo crenças populares, no Botucaraí, o eremita teria feito surgir a fonte de água milagrosa que auxiliava pessoas a curarem doenças. Consta que João Maria D´Agostini teria poderes sobrenaturais para promover curas, fato que gerou uma grande procura por parte da população. Neste contexto, a romaria firmou tradição ano após ano, atraindo pessoas de diversas procedências para um ato de fé, para recolher um pouco da água da fonte ou até para uma escalada até o cume do morro.

A celebração começou às 9h40, através dos padres José Carlos Stoffel e Irineu Marcos Sehnem, que abençoaram os chás e os recepientes de águas carregados pelos fiéis. Às 10h, teve início a sempre emocionante encenação da Paixão e Morte de Cristo, apresentada pelo Grupo de Teatro Municipal Cara & Cor’agem. Conforme a coordenadora do grupo e responsável pelo roteiro e a direção da peça, Lilian Schünke, em depoimento para o jornal Gazeta do Sul, o local traz uma energia excepcional. Conforme explicou, o objetivo da dramatização é trazer, através da arte da dramaturgia, os últimos momentos de Cristo e convidar as pessoas a refletir sobre a mensagem de uma história que é contada de forma diferente todos os anos.

ano, a peça teve como narrador o profeta João Batista, que viveu sua vida anunciando a chegada do Filho de Deus. Em um dos momentos da apresentação, João Batista repreendeu o rei Herodes por sua conduta pecadora, ao se casar com a esposa de seu irmão. E, assim, conta a história, que por influência de Herodíades, a esposa de Herodes, João Batista acabou morto por decapitação. Pelo segundo ano consecutivo, o papel de Jesus Cristo esteve a cargo do jovem Gustavo Lima Lopes, de 20 anos. Ele destacou a intensa emoção por apresentar uma história real, sentimento compartilhado com as pessoas que assistem. “É uma grande responsabilidade trazer essa imagem ao povo”, concluiu. Entre os presentes, a reportagem da Folha identificou o pai e a mãe do intérprete de Jesus. Ao lado da esposa, Maria Glaci, o pai, Jair Silveira Lopes, resumiu o sentimento vivenciado por todos que acompanharam a encenação. “Emocionante”.