Por: Arthur Lersch Mallmann
Após safra com dificuldades, esperança está na contenção dos prejuízos
A expectativa é que, neste terceiro ano consecutivo de estiagem, a perda média de produtividade no município não seja menor do que 35%
Mais uma colheita de soja se inicia em Candelária. Dessa vez, um conjunto de fatores afetou negativamente os produtores. Como nos últimos três anos, a estiagem castigou novamente o ciclo dos grãos, atingindo patamares históricos de baixa precipitação no período. Além disso, o alto custo de produção no início da safra contrasta com o preço atual da venda dos sacos de soja, que está em patamares considerados baixos.
“Estamos há três anos apanhando da estiagem”, afirma Márcio Soares, 51 anos, agricultor de Capão Claro. Ele iniciou sua colheita de soja na segunda, 27, e acredita que seguirá trabalhando pelos próximos 20 ou 30 dias. “Creio que teremos uma quebra de produção na margem de 20% a 30%. Vimos que no estado, e até mesmo em Candelária, alguns produtores tiveram perdas ainda maiores. Então, dadas as circunstâncias desta safra, é um resultado satisfatório”, avalia Soares. “Será um ano difícil para equilibrarmos os custos. Se conseguirmos cumprir com nossos compromissos e pudermos nos preparar para a próxima safra, levantamos nossas mãos para o céu”, completa.
Segundo o Engenheiro Agrônomo da Agrican, Adalton Siqueira, em localidades como Oveiras, Linha do Rio, Faxinal dos Porto e parte da Linha Palmeira, algumas propriedades apresentam prejuízos que ultrapassam os 50%. Por outro lado, a região do Capão do Valo, Capão Claro e as áreas do Pinheiro mais próximas ao Bom Retiro devem ter perdas menores, de 25% a 30%. “Ainda é preciso que a colheita avance, mas eu diria que em Candelária a perda média será de no mínimo 35%, o que resultaria em uma produtividade média de 40 sacos (ou 2.400 kg) por hectare”, analisa.
Estiagem
O ciclo de desenvolvimento da soja, entre novembro de 2022 e março de 2023, foi o mais seco dos últimos 25 anos. Isto é o que aponta a série histórica de Siqueira. “Para um ciclo normal, seria necessário em torno de 750mm de chuva nestes cinco meses, mas choveram apenas 350mm”, explica. Ele acrescenta que a estiagem predominou em momentos críticos, como na fase vegetativa da cultura, de dezembro a janeiro, e na fase de enchimento dos grãos, em fevereiro, quando não houve precipitações regulares. “Se a produtividade média chegar a 40 sacos por hectare ficaremos aliviados”, pontua.
Custo de Produção
A ‘tempestade perfeita’ da perda de produtividade em razão da seca ficou completa com o alto custo de produção no início da safra e o baixo preço de venda no momento atual. Segundo o agrônomo, um saco de adubo que custaria R$ 150, na última safra era vendido a R$ 280; o Cloreto de Potássio, que custava em torno de R$ 130, chegou ao preço de R$ 300; e assim por diante. Em média, houve um aumento de 35% nos custos de produção no início da safra, quando os insumos foram comprados.
Por outro lado, enquanto o preço do saco de soja na safra anterior podia chegar a R$ 190 ou R$ 200, hoje seu valor está em torno de R$ 150. Dessa forma, a tendência é que haja uma redução de 35% na produção, somado a um aumento de 35% nos custos e um preço de venda 25% menor do que a última safra. “É um ano caótico para a rentabilidade do produtor de soja”, finaliza.