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Geral 01/03/2024 17:10
Por: Odete Jochims

Morte de cavalo evidencia falhas na assistência e resgate de animais em Candelária

Na última sexta, 23, um novo caso de maus-tratos, dessa vez contra um cavalo, gerou muita indignação e cobranças por mudanças na forma como as autoridades candelarienses atuam frente a estas situações. O incidente aconteceu no KM 01 da ERS-400, por volta das 15h, quando o animal deitou sobre a pista de rolamento e não conseguiu mais ficar de pé. A situação foi registrada e denunciada por diversos motoristas e moradores do local, que buscaram auxílio em busca de providências.

O caso foi acompanhado pela ONG SOS Bichos, Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Bombeiros Voluntários e Prefeitura Municipal, por meio do Departamento de Meio Ambiente (DEMA). Contudo, mesmo após receber atendimento veterinário e ser medicado (não ficou claro se o animal havia contraído tétano ou havia sido picado por uma cobra), o cavalo não demonstrou sinais de melhora e, infelizmente, acabou sendo sacrificado através de eutanásia por volta das 22h.

Conforme o relato das voluntárias da ONG SOS Bichos, Melina Heinen e Marcela Wollmann, independentemente do desfecho do caso, o atendimento disponibilizado pela prefeitura, seja para cavalos, cães ou gatos, é insuficiente e precisa ser aprimorado. De acordo com as voluntárias, membros da entidade chegaram no local por volta das 16h30 e, constatando a situação crítica do animal, buscaram contato com a Prefeitura Municipal em busca de atendimento. No entanto, relataram imensa dificuldade para obter o auxílio necessário. “É dever do Executivo prestar este tipo de atendimento. Porém, nosso município não conta com um canal adequado para solicita-lo. Fato que se agrava ainda mais nos finais de semana ou até fora do horário regular de atendimento da prefeitura, que se encerra às 17h”, relataram.

Para os membros da ONG, além da falta de canais de atendimento, outro problema da Prefeitura é a falta do serviço de plantão veterinário. Assim como, a falta de um serviço de recolhimento e um local adequado para prestar atendimento a estes animais. “Este cavalo caiu sobre a via por volta das 16h, foi arrastado para o acostamento, sabe-se lá de que maneira, e ali ficou até ser sacrificado, as 22h. Imagine seu sofrimento durante todo esse penoso processo. Precisamos de mudanças”, finalizou.

Sobre o caso, o diretor do DEMA, Valter Fernando Schmidt Auler, afirmou que, desde que chegou ao local, por volta das 17h, o departamento prestou todo o auxílio necessário. “Quando chegamos no local, estavam presentes a Brigada Militar, o proprietário do animal e o veterinário que prestou atendimento. Naquele momento, o tutor recusou-se veementemente a sacrificar o animal. Por isso, o cavalo foi medicado e seria monitorado nas próximas horas. Nossa primeira medida foi assumir os custos do tratamento e, em caso de morte, nos colocamos a disposição para enterrar o animal”, narrou.

Por volta das 20h, novamente o DEMA foi acionado pela Brigada Militar para comparecer ao local. Lá constou-se que o estado de saúde do cavalo permanecia crítico e havia a necessidade da eutanásia. Desse modo, conforme Auler, buscou-se o atendimento veterinário, que foi finalizado as 22h. “Devido ao horário que o atendimento foi concluído, não foi possível enterrar o animal. No entanto, na manhã de sábado resolvemos a situação. Reforço que tomamos todas as medidas cabíveis para auxiliar o animal. O caso foi registrado no local através de um termo circunstanciado de maus-tratos realizado pela Polícia Rodoviária Estadual e o tutor será intimado a prestar explicações sobre o ocorrido”, concluiu.

Reunião com autoridades define novas medidas

Devido à grande repercussão do caso, na tarde da última quarta, 28, o prefeito Nestor Ellwanger recebeu autoridades municipais para discutir e desenvolver ferramentas para aprimorar o atendimento oferecido pela Prefeitura Municipal em casos de maus-tratos, acidentes ou abandono de animais. Estiveram presentes no encontro o Promotor de Justiça da Comarca de Candelária, Dr. Martin Albino Jora, o Juiz de Direito da Comarca de Candelária, Dr. Celso R. M. F. Fagundes, vereadores e demais membros do Executivo.

Entre as mudanças estipuladas durante a reunião, o Executivo Municipal se comprometeu a contratar um fiscal, para atuar especificamente na área ambiental (fiscalização, maus-tratos e acompanhamento de ocorrências com gatos, cães e cavalos); implementar o serviço de plantão 24h para atendimento veterinário de urgências/emergências. Além de realizar um estudo sobre uma nova licitação de serviços de recolhimento/transporte/acolhimento de equinos.

A pedido do Ministério Público, também será reforçado junto aos Agentes Sanitários e Agentes Comunitários de Saúde que casos de maus tratos contra animais domésticos sejam averiguados durante as visitas. Assim como, a viabilização de recursos para a aquisição de um veículo adaptado com gaiolas e acessórios, que irá servir para apoio nas ações do Município junto à causa animal.

Conforme o Promotor de Justiça, Dr. Martin Albino Jora, trabalhar em prol da causa animal é uma das obrigações do Ministério Público e, casos desta natureza devem e serão tratado com toda a seriedade exigida pela Lei. “Em Candelária tem-se observado um grande número de animais em situação de abandono ou animais que possuem tutores, mas que não possuem as condições mínimas para mantê-los, sejam cães, gatos ou cavalos. É preciso que as pessoas tenham o discernimento que, mesmo que haja toda a boa vontade, não se deve acolher um animal quando não se tem a devida estrutura. Os pets são parte da nossa família e devem ser tratados como tal, com acesso a alimentação, medicação, abrigo e cuidado. O Promotor não se regozija em aplicar punições, mas quando não são observadas estas condições, cabe ao Ministério Público intervir”, afirmou.