Por:
Celso Orizio Kroth, um exemplo
E te vais, amigo velho 
Cultivar noutra querência 
A semente da decência 
Que plantaste neste chão 
Aqui deixas um irmão 
Que inveja tua coragem 
E te faz esta homenagem 
Saída do Coração 
Sempre foste nesta terra 
Um exemplo a ser seguido 
Um gaúcho destemido 
Pronto pra qualquer luta 
Na rotineira labuta 
Do teu trabalho exemplar 
Ninguém irá igualar 
Tua destemida conduta 
Teu trabalho na Emater 
Todo colono conhece 
Não tem quem não enaltece 
Tua presteza e retidão 
Honestidade e correção 
E a vontade de ajudar 
Ver a terra prosperar 
Tamanho o amor pelo chão. 
E no nosso CTG 
Foste um eterno parceiro 
Na fundação, um pioneiro, 
Patrão, capataz ou peão. 
Não interessa o jargão 
Para definir o teu jeito 
Sempre levaste no peito 
O amor pela tradição. 
E lá no templo sagrado 
No altar de nossa oração 
Tua imagem desperta emoção 
E resplandece serena. 
Entre tantos se apequena 
Mas não perde o seu valor 
Um patrão desbravador 
Da mão firme e alma amena. 
Nós já sentimos saudade 
Antes mesmo da tua ida 
Mas assim mesmo é a vida 
Ardilosa e traiçoeira. 
E hoje se abre a porteira 
Para que saias campo afora 
Talvez consigas lá fora 
A recompensa derradeira. 
Temos muitas histórias 
Que podemos relembrar 
Das mesas dos jogos de azar 
Aos desfiles do civismo 
Do apego ao nativismo 
Da cachaça ao chimarrão, 
Da cuia de mão em mão 
Com todo os eu simbolismo. 
Quanta encrenca na canastra 
Quanta briga e burburinho, 
O vinte-e-um e o pontinho, 
O três vermelho e o coringa, 
Às vezes uma catinga 
De uma asa mal lavada 
Tonteava a gauchada 
E morria num gole de pinga. 
Parceiro de tanta gente 
Sem distinção de valores 
Dado a fazer favores 
Sem interessar a quem 
Ao pobre e ao rico também 
Ao negro, ao branco e ao mulato, 
Ao amigo e até ao ingrato 
Não descriminava ninguém. 
Este é o Celso que conheço 
Um gaúcho verdadeiro 
De alma, espirito, corpo inteiro. 
Um homem do bom coração 
Que eu tenho como irmão 
Pois merece a minha estima 
Que traduzo nesta rima 
Cultuada na tradição. 
Receba estes meus versos 
Como amostra de amizade 
Deus te dê tenacidade 
E ilumine teu caminho 
Jamais estarás sozinho 
Na tua nova empreitada 
A rosa é mais desejada 
Quanto mais agudo espinho. 
A “ Querência” do Cerro Branco” 
Escancara suas porteiras 
Pra que entres sem tranqueiras 
Quando for de teu agrado 
Sempre aqui serás saudado 
Ao pisares neste chão 
Como um ilustre cidadão 
Como um filho abençoado. 
E agora me despeço 
Com orgulho e galhardia 
Podendo dizer que um dia 
Fiz parte também de tua lida 
E em tantas batalhas sofridas 
Sempre estive do teu lado 
E assim quero ser lembrado 
Nos cotidianos da vida. 
O meu jeito é assim mesmo 
Não tenho medo ou preguiça 
Só não suporto a injustiça 
Do que fizera contigo 
Tratando-te como inimigo 
Colocando-te de lado. 
Mas por Deus serás abençoado 
Com toda certeza te digo. 
E se tu agora vais 
A procura da felicidade 
Não dê tento a saudade 
Pega teu potro e encilha 
E sai a vagar nas coxilhas 
Não é ilusão nem quimera 
Ela certamente te espera 
A ti, à tua família. 
Ilceo Carlos Mergen 
Junho de 2008 
 
                 
                                                    