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25/08/2009 16:56
Por:

Celso Orizio Kroth, um exemplo

E te vais, amigo velho
Cultivar noutra querência
A semente da decência
Que plantaste neste chão
Aqui deixas um irmão
Que inveja tua coragem
E te faz esta homenagem
Saída do Coração

Sempre foste nesta terra
Um exemplo a ser seguido
Um gaúcho destemido
Pronto pra qualquer luta
Na rotineira labuta
Do teu trabalho exemplar
Ninguém irá igualar
Tua destemida conduta

Teu trabalho na Emater
Todo colono conhece
Não tem quem não enaltece
Tua presteza e retidão
Honestidade e correção
E a vontade de ajudar
Ver a terra prosperar
Tamanho o amor pelo chão.

E no nosso CTG
Foste um eterno parceiro
Na fundação, um pioneiro,
Patrão, capataz ou peão.
Não interessa o jargão
Para definir o teu jeito
Sempre levaste no peito
O amor pela tradição.

E lá no templo sagrado
No altar de nossa oração
Tua imagem desperta emoção
E resplandece serena.
Entre tantos se apequena
Mas não perde o seu valor
Um patrão desbravador
Da mão firme e alma amena.

Nós já sentimos saudade
Antes mesmo da tua ida
Mas assim mesmo é a vida
Ardilosa e traiçoeira.
E hoje se abre a porteira
Para que saias campo afora
Talvez consigas lá fora
A recompensa derradeira.

Temos muitas histórias
Que podemos relembrar
Das mesas dos jogos de azar
Aos desfiles do civismo
Do apego ao nativismo
Da cachaça ao chimarrão,
Da cuia de mão em mão
Com todo os eu simbolismo.

Quanta encrenca na canastra
Quanta briga e burburinho,
O vinte-e-um e o pontinho,
O três vermelho e o coringa,
Às vezes uma catinga
De uma asa mal lavada
Tonteava a gauchada
E morria num gole de pinga.

Parceiro de tanta gente
Sem distinção de valores
Dado a fazer favores
Sem interessar a quem
Ao pobre e ao rico também
Ao negro, ao branco e ao mulato,
Ao amigo e até ao ingrato
Não descriminava ninguém.

Este é o Celso que conheço
Um gaúcho verdadeiro
De alma, espirito, corpo inteiro.
Um homem do bom coração
Que eu tenho como irmão
Pois merece a minha estima
Que traduzo nesta rima
Cultuada na tradição.

Receba estes meus versos
Como amostra de amizade
Deus te dê tenacidade
E ilumine teu caminho
Jamais estarás sozinho
Na tua nova empreitada
A rosa é mais desejada
Quanto mais agudo espinho.

A “ Querência” do Cerro Branco”
Escancara suas porteiras
Pra que entres sem tranqueiras
Quando for de teu agrado
Sempre aqui serás saudado
Ao pisares neste chão
Como um ilustre cidadão
Como um filho abençoado.

E agora me despeço
Com orgulho e galhardia
Podendo dizer que um dia
Fiz parte também de tua lida
E em tantas batalhas sofridas
Sempre estive do teu lado
E assim quero ser lembrado
Nos cotidianos da vida.

O meu jeito é assim mesmo
Não tenho medo ou preguiça
Só não suporto a injustiça
Do que fizera contigo
Tratando-te como inimigo
Colocando-te de lado.
Mas por Deus serás abençoado
Com toda certeza te digo.

E se tu agora vais
A procura da felicidade
Não dê tento a saudade
Pega teu potro e encilha
E sai a vagar nas coxilhas
Não é ilusão nem quimera
Ela certamente te espera
A ti, à tua família.

Ilceo Carlos Mergen
Junho de 2008