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25/08/2009 16:56
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Os e-mails e suas (in)convenincias

No mês passado me doei ao trabalho de contabilizar quantos e-mails recebo aqui na Folha em exatos sete dias: em números também exatos, 1384. Deste contingente, acredito que o aproveitável se resume às duas últimas casas, ou seja, uns 80, o resto é do pessoal que não me conhece e fica enviando convites para apresentações no Teatro de Bonecos de Aracaju, para a Convenção dos Sapos Caolhos no Pantanal Mato-Grossense, para a reunião dos ex-alunos da escola Pompilho Pimpão no Acre e por aí vai; isto sem falar nas ofertas mirabolantes de medicamentos para aumentar minha potência sexual com Ciallis e Viagra a preço de – perdoem o comentário – pepino, ou de banana, como queiram. É um mundão de gente boa que se preocupa diariamente com minha performance sexual e o tamanho do meu, hum... er ... vocês sabem do que estou falando. Entre estas centenas de e-mails, 50% vem com a mensagem “Enlarge your penis”, que na melhor tradução brasileira é: aumente seu pinto, como se eu estivesse insatisfeito com o que tenho e como se eles, com alguma trena, já tivessem medido. Dia desses veio um e-mail para a redação nos seguintes moldes: “Your huge tool is set to get all the chicks? Click here!” Eu já sabia do que se tratava, mas fui no tradutor e colei o texto lá, só pra ver no que dava, resultado: “Sua ferramenta enorme é fixada para adquirir todos os pintinhos? Faça tique-taque aqui!”. Eita tradutor besta este, porque a tradução correta é: “Sua grande ferramenta está pronta para pegar todas as galinhas? Clique aqui!”. E eu que não sabia que a Folha tinha um pinto fiquei sabendo.
Certa feita estava eu triando o que prestava e o que não prestava enquanto minha colega atendia um pessoal na mesa que fica bem no centro da redação e, eis que de repente, começa a se formar uma situação embaraçosa: aparece na tela do meu micro uma destas propagandas de máquinas para aumentar o pinto com a fotografia de um baita pinto, mas um pintão, daqueles feito em Photoshop. E daí vocês sabem como é, quando a gente fica com pressa pra se livrar de uma tela indiscreta, tudo conspira contra: o mouse some, o controlaltidél não funciona, meu dedo é muito grosso e não consegue apertar o botão reset, cai algum troço no chão, dá uma barulheira danada e todo mundo fica olhando para a gente e, lógico, aquele troço na tela do computador. Quando o mouse acordou e eu fechei o programa de e-mails, uma mulher que estava sendo entrevistada já tinha visto o pintão e, sei lá o que ela ficou pensando de mim.
Acontece que dentro deste besteirol todo existem coisas importantes, como anúncios das agências de propagandas e releases de empresas e suas assessorias de imprensa. Por falar nisso, os releases da Câmara de Candelária são uma exceção, isso porque o presidente faz questão de mandar o assessor trazer pessoalmente cópias xerográficas das matérias, e em duas vias, uma para mim assinar; mas isso eu vou deixar para comentar quando falar sobre assuntos da era paleolítica. Voltando ao assunto principal, já me aconteceu de deletar e-mails importantes junto com o lixo que recebo diariamente e, por isso, fico me perguntando: com tanta tecnologia, será que não vai aparecer alguém que consiga exterminar esta praga? Em meio a tanto imposto, por que não inventaram um modo de cobrar uma taxinha desta gente que rouba este tempo tão precioso da gente?
Na quarta-feira visitei o site dos Correios (www.correios. com.br), e lá descobri que para enviar uma carta comercial ou um impresso urgente básico o custo é de R$ 0,90; para a carta não comercial e o cartão postal o valor baixa para R$ 0,60. Comparadas com a rapidez e a facilidade de enviar e-mails as cartas são extremamente caras, além de darem um trabalhão danado para selar, envelopar, inserir o remetente e o destinatário; mas no custo do envio das cartas se inserem questões sociais importantes, como garantia de empregos, patrocínio ao esporte, e por aí vai. Se estas mentes mirabolantes tivessem que pagar por cada porcaria que mandam, duvido que continuariam. É impossível negar que são pessoas inteligentes, pois conseguem até burlar os filtros de spam para atingir seu intuito, mas seria muito melhor que estes cérebros estivessem a serviço da ciência, inventando coisas realmente necessárias, como uma bergamota que tivesse a casca sem o fedor característico, por exemplo. Increase the intelligence, gentlemann and ladies!