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25/08/2009 16:56
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No recanto das palavras, o tributo a um jornalista

O livro é o meio principal e insubstituível da difusão da cultura e transmissão do conhecimento, do fomento à pesquisa social e científica, da conservação do patrimônio nacional, da transformação e aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida. O parágrafo segundo do primeiro artigo da “Lei do Livro”, publicada em outubro de 2004 resume o objetivo a que se propôs a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Cultural, com o apoio do Sesc e Associação Cultural de Candelária Érico Veríssimo (Accev), na realização da Feira do Livro de Candelária, instalada entre a estação rodoviária e a Casa de Cultura Marco Mallmann. A intenção de incentivar o gosto à leitura, aproximando a população de Candelária dos livros e do rico conhecimento que eles proporcionam, já valeu a pena desde a abertura da feira de 2008, no sábado, e que encerra logo mais às 20h.
No espaço montado para receber as apresentações, a comunidade candelariense que foi prestigiar a abertura ouviu a coordenadora do Sesc elogiar a forma com que a municipalidade tem conduzido os assuntos que dizem respeito ao envolvimento cultural, citando como exemplo o Dia do Desafio. Ela aproveitou para entregar ao prefeito Lauro Mainardi o troféu de mérito comunitário pela participação, salientando que o município foi vencedor pelo envolvimento da população. Depois, o engenheiro Edemar Mainardi lembrou do trinômio escritor, livro e leitor, que se interrelacionam e são fomentadores da cultura. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Cultural, Jorge Mallmann, destacou de início que a administração tem dispendido 35% de sua receita em educação, 10% a mais do que o estabelecido em lei e, na condição de representante da família Mallmann, lançou oficialmente o livro de crônicas “O Mundo em Transformação”, obra que reúne crônicas escritas pelo jornalista Marco Mallmann e que foi organizada pela escritora e historiadora Marli Hintz, com patrocínio da Ulbra-Cachoeira do Sul.
AMIZADE - O vice-prefeito Ênio Hübner destacou a amizade de longa data que tem com o patrono da feira de 2008, Paulo Flávio Ledur, e relembrou da época em que se conheceram, na reitoria Pontifícia Universidade Católica, em Porto Alegre, quando dividiam uma pensão na capital. Igualmente referiu-se que 20 anos após teve um encontro casual om o patrono em uma agência bancária, e que, mais 20 anos depois, em 2005, voltaram a se falar através de contato proporcionado pelo patrono da Feira do Livro de 2005, Roque Jacoby. Neste sentido, relatou estar contente por estar presente em Candelária para falarem pessoalmente.
Ao anunciar a palavra do escritor Paulo Flávio Ledur, o mestre de cerimônias fez um relato da vida acadêmica e profissional do patrono, que reconheceu publicamente o esforço empreendido pela administração em realizar a feira. Com a participação em pelo menos 4000 livros, Ledur afirmou que em 65% das cidades gaúchas não existem livrariais, e que por esta razão é fundamental importância a realização de feiras para levar o consumidor até o livro, uma vez que os livros não vão ao encontro dos leitores. Depois, lembrou do que disse o escritor italiano Umberto Eco, que defendeu a existência dos livros e afirmou que não há perigos suficientes para ameaçar a permanência deles no próximo século, e referendou que eles sempre existirão e serão de fundamental importância para a cultura. Por fim, em tom de brincadeira, creditou a “culpa” pela sua escolha como patrono da feira ao amigo Ênio Hübner.
SOLO FIRME - O prefeito Lauro Mainardi foi conciso em seu pronunciamento lembrando o presidente Tancredo Neves que, em um de seus discursos, destacou a necessidade em ajustar programas que sejam coerentes com a identidade cultural da população. Disse que através da educação pretende construir um edifício em solo firme para que a prosperidade de amanhã não seja falsa, e deu por aberta a feira do livro de 2008. Por fim, o Coral Municipal de Candelária brindou o público com uma competende apresentação, encerrando, em grande estilo, a solenidade de abertura da Feira do Livro 2008.

Vertendo emoções
Retratar as emoções que a vida nos reserva e passar para o papel é tarefa para os mais desembaraçados escritores, assim como narrar fatos comoventes depende bastante da sorte de repórteres quem têm a oportunidade de vivenciá-las. Uma destas demonstrações de emoção aconteceu sábado, quando o secretário de Desenvolvimento Econômico e Cultural, Jorge Mallmann, se referiu ao lançamento do livro “O Mundo em Transformação”, do irmão jornalista Marco Antônio Mallmann, falecido aos 30 anos, em dezembro de 1994.
Segundo Jorge, Marco sempre foi em vida uma referência para os que o cercavam e, por isso, seu desaparecimento repentino foi tão sentido. “Foi duro conviver com a dor e com a sensação de injustiça diante da fatalidade”, enfatizou. No entanto, segundo prosseguiu, aos poucos prevaleceram os exemplos deixados pelo jornalista. “Percebo agora aqui que as sementes plantadas pelo Marco estão muito vivas e prosseguem ecoando forte nesta comunidade”, salientou, ressaltando que tal realidade está muito claramente refletida na figura de seu filho Arthur, que pouco conviveu com o pai. “Mas cresceu ouvindo falar dele como uma figura exemplar, justificando um reconfortante sentimento de orgulho pelo pai”. Ao encerrar, Jorge Mallmann observou que talvez essa seja a principal justificativa para a existência humana. “Construir uma vida digna que seja motivo de orgulho para nossos filhos e amigos. E isso o Marco conseguiu com sobras. O livro hoje lançado é um testemunho eloqüente desta realidade”. A voz embargada pela emoção de Mallmann contagiou também a platéia, que aplaudiu de pé a manifestação.

Só até hoje
A Feira do Livro de 2008 tem mais algumas horas para ser aproveitada, depois, só no próximo ano. Com um acervo de títulos formado por cinco livrarias e uma estrutura que ocupa meia quadra da rua Andrade Neves, a feira de 2008 é a maior já realizada na cidade. A programação encerra hoje e tem como destaque a palestra do escritor Luis Dill e a peça teatral “A Gata Borralheira”. Outro destaque da feira deste ano é a participação, através de intervenções culturais, da Palhaça Gelatina.
8h – Abertura com animação cultural da Palhaça Gelatina
9h – Apresentação da peça teatral “A Gata Borralheira” – Cia do Riso, de Novo Hamburgo
10h15 – Palestra com o escritor Luis Dill – “Literatura Infanto-Juvenil”
11h15 e 13h30 – Animação cultural com Palhaça Gelatina
14h30 – Apresentação da peça teatral “A Gata Borralheira” – Cia do Riso, de Novo Hamburgo
15h30 – Animação cultural com Palhaça Gelatina
20h – Encerramento