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Projeto 100, do Sicredi, quer duplicar a produo de milho
São poucos os casos em que as linhas de crédito rural chegam realmente ao fim a que se propõem: os investimentos na lavoura. O resultado não poderia ser outro: a baixa produtividade e, conseqüentemente, problemas na hora de pagar o custeio. O Sicredi Centro Serra, nos 14 municípios em que atua, realiza pelo menos 4.000 operações de crédito ao ano e nem sempre o que os fiscais vislumbram nas vistorias para fins de Proagro são lavouras castigadas por intempéries, principalmente as secas. Dentro deste contingente, há uma grande parcela de agricultores que somente lançam as sementes à terra, deixando a produção a “Deus dará” e usam o dinheiro para outras finalidades. Com o objetivo de mudar este panorama, foi lançado há um ano, em Sobradinho, o “Projeto 100”, e que está agora contemplando 21 produtores de milho de Cerro Branco. A metodologia de trabalho consiste em repassar ao grupo as orientações corretas de técnicas de manejo, sob a orientação do engenheiro agrônomo Luiz Eduardo Vinhas, da empresa Terra Forte, parceira do Sicredi no projeto. O programa é baseado em técnicas de semeadura, manejo correto do solo, controle de plantas invasoras e a nutrição da terra, dividido em quatro módulos. Na terça-feira, 19, o grupo cerro-branquense reuniu-se pela segunda vez.
Um levantamento realizado pelo técnico agrícola do Sicredi Evandro Kappke, aponta que a produtividade média em Cerro Branco é de 55 sacos de milho por hectare, o que representa a valores atuais uma renda de R$ 1.375,00. Na região serrana, produtores destinaram parte de suas lavouras em que foram aplicadas as técnicas corretas e o resultado foi surpreendente; em alguns casos foi superada a marca de 100 quilos por hectare, ou seja, uma produtividade de R$ 2.500,00. Deste valor, o Sicredi financia até R$ 700,00 por hectare, por isso, é só fazer as contas e ver que, com o manejo correto do solo e da cultura, dá para o produtor pagar tranqüilamente o investimento e ainda sobra um bom dinheiro para gastar no que quiser.
Os resultados do Projeto 100 são pioneiros, já que as técnicas para o cultivo do milho começaram a ser trabalhados na safra passada. “Por isso estamos flexibilizando o programa para que sejam feitos aperfeiçoamentos dependendo da peculiaridade de cada região”, salientou Kappke. Para ele, a composição de grupos de serviço é extremamente importante para quebrar a resistência de alguns produtores e difundir tecnologia.
Nos quatro módulos propostos pelo programa, o único gasto que o produtor que adere ao projeto tem é com a análise do solo, fundamental para aumentar a produtividade e sem elevação nos custos finais da safra. A análise ajuda o agrônomo ou especialista no assunto no planejamento de um programa de adubação para as culturas, contribuindo para a diminuição nos gastos com insumos gerando custos mais baixos de produção, além de menor impacto ambiental. Ademais, uma portaria do Banco Central neste ano prevê que tanto a análise química como física são exigidas para aqueles produtores que se beneficiarem de linhas de crédito acima de R$ 8 mil em função do Proagro. “É uma espécie de fiscalização para que o produtor realmente invista o que está sendo emprestado e não corra riscos”, disse o técnico agrícola. Hoje, uma análise de solo custa em torno de R$ 27,00.
Visto como um diferencial, o programa é um entre tantos que leva a assinatura do Sicredi, que cumpre seu papel como instituição financeira, mas, sobretudo, na consecução de ações que visam levar conhecimento, renda e bem-estar ao seu associado.
Importante
O projeto custeado pelo Sicredi foi levado a Cerro Branco por solicitação do secretário de Agricultura Arcênio Skolaude. A prefeitura ofereceu todos os subsídios necessários para sua realização, além de mobilizar o grupo participante e dar suporte estrutural. Para 2009, existe a possibilidade do programa ser realizado também em Candelária.