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Geral 24/12/2020 09:24
Por: Redação

As tradições natalinas passadas de geração em geração

Na celebração do Natal, alguns costumes se perderam ao longo do tempo. Outros, porém, se mantêm vivos e trazem um significado especial às comemorações

  • Maristela com uma de suas árvores de Natal: renovação
  • Dona Itália, rodeada pelos filhos, netos e bisnetos: confraternização em família
  • Ieda Jacobi e seu presépio: simplicidade e valorização do verdadeiro Natal
  • Enzo, Lavínia, e Laura: Natal diferente, mas com amor e esperança
  • Kleria Punterl, Marilisa Puntel e Ketlin Priebe: Tradição de fazer bolachas para o Natal continua viva na família

Sabe-se que o período de Natal costuma ser o que mais mexe com o aspecto emocional das pessoas, bem como com a memória afetiva. Tais lembranças também são preenchidas por diferentes tradições natalinas. Algumas, embora sejam muito antigas, continuam vivas nas comemorações. Como exemplos, podem ser mencionados o pinheiro, os presépios, a ceia, a troca de presentes e até as deliciosas bolachas de Natal. A fim de ilustrar a valorização destes costumes, a Folha procurou algumas famílias que, a cada ano, cultivam algumas dessas tradições, passadas de geração em geração.

O pinheiro: superação e esperança em dias melhores

Uma tradição duplamente respeitada - literalmente. A afirmação se justifica pelo fato de a empresária candelariense Maristela Gelsdorf Volmer ter o costume de ornamentar não apenas uma, mas duas árvores de Natal. A decoração de um pinheirinho na época do Natal iniciou desde sua infância, um exemplo herdado da mãe. Na época, costumava ser uma árvore natural. Após se casar, deu continuidade à tradição. A ideia de passar a decorar duas árvores surgiu com o nascimento do filho Gabriel, quando passou a colocar uma na sala e outra no quarto do menino. Hábito que continuou mesmo depois que o filho cresceu. Posteriormente, o hábito da árvore de Natal se justificava em razão das sobrinhas ("Era sempre um motivo de alegria", afirma). Há quatro anos atrás, porém, quando Maristela perdeu o pai, chegou a comentar que não iria dar continuidade à tradição, pelo fato de ter sido uma experiência muito triste e dolorosa, e a árvore, na sua visão, havia perdido muito de seu sentido. Em todo caso, uma amiga mostrou que, se aquele Natal já seria triste pela ausência do pai, seria ainda pior sem o pinheirinho. Depois de aceitar o conselho, decorou uma árvore de Natal em homenagem ao pai. Desse modo, naquele ano específico, o pinheirinho ornamentado revelou a Maristela, possivelmente mais do que nunca antes, sua simbologia de fé e esperança em dias melhores, e o que antes era dor se converteu em beleza e encantamento. E os dias melhores de fato vieram. Hoje, pelo fato de gostar dessa época do ano mais do que qualquer outra, Maristela costuma decorar sua casa desde outubro. E a tradição das duas árvores se manteve. "Elas significam renovação, o surgimento de novas esperanças, de novos sonhos e desejos. É a época do ano que realmente me realiza", declara.

A ceia de Natal: tradição de gerações que reúne diferentes gerações

Outra tradição que não pode faltar é a ceia de Natal, que, ao redor de uma mesa, reúne gerações para apreciar algumas das iguarias dignas de constar entre o que se conhece de melhor em termos gastronômicos. Assim é, por exemplo, na casa de Itália Geni Borstmann, de 83 anos, onde a ceia é algo sagrado. Todos os anos, ela reúne a família em uma tradição que já vem de gerações. Sob um forte espírito natalino, com muito bom humor e mesa farta, Itália recebe, na noite de Natal, seus cinco filhos, os oito netos e os sete bisnetos, para uma comemoração que é sempre uma ocasião especial para cada um dos membros da família. Unindo o que há de melhor nas tradições natalinas, todos os anos são preparados doces caseiros, bolachas de canela, panetones, entre outras delícias. Tudo isso tendo como cenário uma casa decorada bem de acordo com a época, que serve também como palco para a troca de presentes

O presépio: a sagrada família como centro do Natal como festa cristã

A singeleza das figuras, dispostas cuidadosamente embaixo do pinheirinho, revelam uma das características que a professora aposentada candelariense Ieda Jacobi define como uma das principais características suas: a simplicidade. Atributo que, assim como o hábito de fazer o presépio em cada Natal, Ieda herdou da avó, Galdina Coimbra Jacobi. Segundo Ieda, sem presépio, a data não seria um verdadeiro Natal. Ela justifica a importância, para ela, dessa tradição por acreditar que "a sagrada família é o centro dessa festa cristã: é o nascimento de Jesus". É mais do que isso: o fato de haver em sua casa um presépio, mesmo que pequeno ("Quando se tem gatos na casa não se pode fazer nada muito elaborado", comenta) significa que em sua residência existe esperança, que ela sintetiza através da seguinte frase: "Aqui em minha casa o Natal existe". E o Natal, para Ieda, é a festa da esperança e da luz. Embora acredite que, em função da pandemia, o Natal de 2020 possa ser mais "recolhido", em razão do distanciamento social, ela vê nele um acontecimento necessário, que traz em si uma simbologia de esperança em uma salvação. Tais elementos, segundo Ieda, passam a existir no momento em que o individualismo cede lugar à empatia: "É preciso se colocar no lugar do outro da mesma forma como pensamos em nós. Esse é o início do verdadeiro Natal. E talvez seja essa a função maior do presépio", conclui.

A troca de presentes: uma tradição herdada dos Reis Magos

Um dos elementos mais típicos da época do Natal é a tradicional troca de presentes, inspirada nas lendárias figuras dos três Reis Magos que se deslocaram do Oriente para visitar o Deus Menino recém-nascido, levando-lhe ouro, incenso e mirra. Com o advento do cristianismo, a tradição se difundiu e chegou aos dias de hoje. Assim é, por exemplo, na família de Édina Alves, gerente da Policredi, e o marido Clóvis Alves Júnior. Conforme Édina, ela e Clóvis, antecipando-se ao período de Natal, sempre saíam em busca dos presentes que os filhos Enzo, Lavínia e Laura pediam. Neste ano, porém, em razão da pandemia, as coisas serão um pouco diferentes: "Faltam tão poucos dias, mas parece que não é Natal", comentam. E assim é. Édina conta que, em razão do coronavírus, o Natal de 2020 será mais improvisado em relação aos outros anos. "Mas haverá muito amor e esperança", destaca, confiante. De acordo com Édina, a questão da pandemia não se restringe aos festejos de final de ano: "A pandemia está afetando em muito a dinâmica familiar", relata, referindose ao fato de a família não se restringir aos encontros apenas nesta época do ano, mas buscando encontrar-se também em diversos outros momentos do ano.

As bolachas de Natal: um doce e antigo sabor preservado nos dias de hoje

Marilisa Puntel, moradora do Potreirinho, Novo Cabrais, segue uma tradição herdada da mãe e da avó: em todos os anos, fazer bolachas de Natal. Ela conta inclusive um costume que se perdeu já há décadas: recorda que, quando criança, as bolachas eram feitas primeiramente para serem penduradas nos pinheiros de Natal. Mais tarde, no dia de Natal, a comunidade se reunia para, depois do culto, dar as bolachas às crianças, junt com balas e outros doces. Hoje, essa tradição de fazer bolachas para o Natal continua viva na família de Marilisa, com o apoio de suas filhas e netas. Neste ano, seguindo o ritual, ela contou com a ajuda de sua filha Kleria Puntel e de sua neta, Ketlin Priebe, com o objetivo comum de manter sempre a família unida e trazer mais doçura - literalmente - nestes dias difíceis para todos.