Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Mulheres-frutas da estao

(ou a insustentável leveza do ser)
Em meio ao noticiário de corrupções, gente dirigindo completamente impossibilitada após meio martelinho de cachaça, CPI’s e política, existem a mídia especializada em produzir fatos pra lá de interessantes, explorando a sensualidade e a beleza das mulheres desse brasilzão véio de Deus. Isso me levou a refletir profundamente sobre este novo fator que cada vez mais está inserido em nossas vidas. Não reparem os erros gramaticais e de português, porque tenho só 10 minutos para concluir a coluna de hoje.
Ali, ná página quatro do caderno Fim de Semana, tem uma foto de destas mulheres, que diz ser casada, ter filhos e que ficou indignada após receber uma cantada de um apresentador de TV de São Paulo, que, pasmem, queria pagar R$ 80 mil para uma noite “caliente” de amor (ou sexo, como queiram) com ela. A mulher, que se diz dançarina há oito anos, se disse muito chateada e pediu respeito porque, segundo ela própria trabalha e tem cultura. Até então eu não tinha ouvido falar que dançar funk e mostrar a bunda é cultura. Para mim não basta de um exibicionismo barato a troco de fama efêmera e dinheiro que só uma bunda extravagante ou outro atributo físico de proporções imensuráveis pode proporcionar. Seu apelido – Mulher Moranguinho – teria surgido por causa de uma calcinha que a dita cuja usou num destes funks da vida e, assim como ela, outras apareceram nos últimos meses, como a Mulher Jaca, a Mulher Melancia, ah, e não podemos nos esquecer da Mulher Melão. Cada uma tem uma parte do corpo que faz referência a uma fruta. Mas há uma exceção, a Mulher Filé, que pode desencadear uma nova rede produtiva de famosas mulheres-carne, como a Mulher Picanha, a Mulher Maminha, a Mulher Alcatra e a Mulher Tatu, que se enquadra também na categoria fauna.
E com toda esse mídia em torno das mulheres voluptuosas, fico com pena daquelas que não tem nenhum atributo físico que possa render um apelido decente, me restando sugestionar alguns. Fico imaginando como seriam as mulheres-vegetais, tipo a Mulher Abóbora, talvez com um pescoço fino e comprido e com um leve alargamento na parte de baixo. Ou a Mulher Ariticum, ainda no ramo das frutas, nas quais a bunda mais parece um mapa hidroviário do Brasil de tanta celulite. E a Mulher Batata-Doce que, como diz o nome, é feia pra caramba mas extremamente doce depois de levantar fervura. E a Mulher Rabada – aí falando em carnes –, que é feia, pelada, mas muito gostosa. Tem a Mulher Cebola, aquela que o cara tem que chorar muito na hora de descascar para comer, e a Mulher Tomate, que fica toda vermelha quando recebe uma cantada. Sugestões é o que não faltam, mas antes que alguém copie minha idéia quero me referir às mulheres-aves, como por exemplo, a Mulher Chupim, aquela que gosta de botar ovos no ninho das outras; a Mulher João-de-Barro, que fica só cantando no pau enquanto o marido constrói a casinha e, por último e não menos importante, a Mulher Galinha. A Mulher Galinha não tem um perfil definido quanto a cor, é chegadinha a fazer um estardalhaço quando bota ovo e se encaixa perfeitamente no padrão daquelas que não gostam muito de trabalhar; vivem cantando vantagem e se fresqueando para o primeiro que aparece e, quando o galo vai atrás, fica correndo feito uma louca e cacarejando como se quisesse dizer: Ai, não é bem assim, tá?... Cóóóó!
Pronto: 8min48s. Um recorde!