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25/08/2009 16:56
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Vtima de tentativa de homicdio d sua verso sobre o episdio

Uma briga ocorrida na noite de 29 de junho, um domingo, e que por pouco não acabou em tragédia, gerou grande repercussão na cidade. Naquela data, Raquel de Oliveira, de 44 anos, foi ferida com uma facada no peito dentro do apartamento em que mora, num prédio da avenida Pereira Rego. Foi por um triz que a faca não atingiu seu coração. O principal suspeito de tentativa de homicídio contra a ex-companheira é Ederson Vidal, que apresentou outra versão sobre os fatos. Depois de um período hospitalizada, ela se recupera em casa, ainda com seqüelas no corpo e que são marcas indeléveis de uma noite que dia após dia reluta esquecer. Diante de sua exposição frente à opinião pública, nesta semana ela telefonou para a redação da Folha e pediu a oportunidade de relatar o quer realmente aconteceu. A reportagem foi feita por Tiago Garcia na residência de Raquel, que se vê impedida pelo estado emocional e físico de sair à rua aos olhos da comunidade.

1) O que aconteceu na noite de domingo, 29 de junho?
Naquele dia eu trabalhei na Academia Circuito 3, onde sou faxineira. Durante aquela tarde eu recebi mensagens em meu celular de mulheres, naturais de Santa Cruz do Sul, me ofendendo e dizendo que o Edinho teria dito algumas coisas relacionadas à minha pessoa. Retornei para casa por volta das 22h. Tomei um café e após fui dormir, trancando a porta por uma trinca que ficava pelo lado de dentro da residência. Tirei um cochilo e após ouvi o Edinho batendo na porta. Levantei, destranquei e abri para ele entrar. O Edinho foi direto para a cozinha e eu voltei ao quarto para calçar os chinelos. Retornei e me sentei à mesa para conversarmos. Iniciamos a conversa e ele me perguntou se eu tinha ligado para as “namoradas” dele de Santa Cruz. Respondi que não tinha como fazer ligações, pois o meu telefone estava cortado. Disse para ele que as “namoradas de Santa Cruz” estavam me mandando mensagens, me ofendendo e que eu iria tomar providências.
2) Vocês acabaram discutindo?
Sim. Após eu dizer isto, ele deu um chute na mesa em minha direção. Levantei e ele, sem alterar a voz, teria perguntado se eu tinha comprado os produtos de beleza para ele. Respondi dizendo que ele que pedisse para as “namoradas de Santa Cruz” comprar e pedi pela primeira vez para ele sair da minha casa. Ele ficou parado. Pedi novamente para ele sair e ele disse para mim não gritar. Disse para ele que a casa era minha e que era para ele sair.
3) Como foi que começaram as agressões?
Após eu pedir para ele sair pela terceira vez, em um único golpe ele cravou a faca no meu peito.
4) Mesmo vendo ferida, você ainda foi obrigada a fazer um trato com Edinho?
Após o golpe, ele fechou a porta e começou a conversar comigo, dizendo que eu deveria ficar quieta em meu canto e não prejudicasse ele com as outras “namoradas”. Após ele foi ao quarto e voltou com luvas nas mãos. Pedi para ele me ajudar e ele me disse que iria terminar o que já havia começado. Já sem forças, comecei a negociar com ele e me lembrei que em duas outras ocasiões ele havia me agredido. Falei para ele que nunca tinha registrado queixa na policia sobre as agressões e ele concordou, perguntando se eu não queria que ele tirasse a faca.
5) Edinho ainda disse que a mataria se você contasse versão diferente à polícia?
Sim, ele me ameaçou de morte. Não aceitei que ele tirasse a faca e pedi para ele ir embora, dizendo que jamais contaria a alguém o que havia ocorrido. Ele me indagou sobre a faca e o sangue e me lembro que disse para ele que relataria que teria sofrido um acidente e caído sobre a faca. Antes de sair, o Edinho teria dito que somente após meia-hora eu poderia pedir ajuda, me ameaçando de morte caso não cumprisse o pedido dele. Antes de sair, ele levou os três celulares, dizendo que iria queimá-los. Após ele fechar a porta, fui correndo ao vizinho próximo que chamou a Brigada Militar, que veio rapidamente e me socorreu. No hospital tive medo, mas depois afirmei ao policial que o Edinho tinha me acertado a facada.
6) Teu irmão (Nilson) relatou que houve negligência por parte dos hospitais de Candelária e de Santa Cruz, que demoraram a realizar os procedimentos. Como você avalia isso?
Em Candelária não me lembro do atendimento. Já em Santa Cruz do Sul me recordo que eles não aceitaram me internar pelo SUS e nem pelo Ipê. Eles diziam que somente tinha vaga em Passo Fundo para resolver o meu caso. Somente após meu irmão assumir tudo em particular e assinar notas promissórias que eles aceitaram fazer a cirurgia para a retirada da faca. Avalio como negativo este atendimento, pois se não fosse o meu irmão, eu teria morrido.
7) Parte da imprensa repercutiu que você já teria tentado o suicídio. Isso é verdade?
Não, isto não é verdade. Na minha vida já tive altos e baixos, mas jamais tive a intenção de me matar. Quem me conhece e convive comigo sabe que às vezes eu costumava fazer algumas brincadeiras a respeito, mas jamais tive a idéia de cometer suicídio, ainda mais por ciúmes de homem. Eu e minha família estamos sofrendo muito com alguns comentários maldosos a respeito deste fato noticiasdo na imprensa e que não é verdadeiro.
8) Qual a repercussão que o fato gerou em sua vida?
A repercussão é negativa pois eu fiquei entre a vida e a morte. Passei por duas cirurgias e ainda estou me recuperando. Desde o dia 29 de junho eu estou lutando pela minha vida. Quem não viu o que estou sofrendo e a dor que estou sentindo, não diga que eu tentei me matar.
9) Qual foi a maior mágoa que restou depois do episódio?
A maior mágoa que estou sentindo é de confiar cegamente em uma pessoa que não gostava verdadeiramente de mim. A partir de agora, quero recomeçar a minha vida, voltar a trabalhar e conviver mais com a minha família que é a razão de eu estar viva.