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25/08/2009 16:56
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Um pingo de conscincia

Como estudante de Biomedicina, estou sujeito às aulas de morfologia humana e, assim, toma-se necessária a visualização de cadáveres. Aparentemente repugnante e macabro, estudá-los manteve-me indiferente, pois são apenas restos da estrutura orgânica de um ser humano. Agora, chocante sim é a história verídica que uma das minhas colegas me enviou. Ela relatava a agonia de uma menina portadora de uma doença rara que, em meio ao sofrimento e dor, almeja alívio e consolação. A patologia apresentada nesta criança consiste na inexistência de tecido epitelial que reveste seu corpo, ou seja, não possui pele. Assim, surgem feridas infecciosas e, conseqüentemente, muita dor.
Para agravar mais a situação, vive em condições precárias em uma favela, sem o mínimo de auxílio possível. Um fato marcante da saga desta valente menina é a necessidade de ser envolta em vários cobertores para que não seja devorada pelos ratos, sendo que seu corpo está exposto em “carne viva”. Além, é claro, de não possuir a formação dos pés e mãos.
É importante salientar que nesse período eleitoral são gastos rios de dinheiro em propaganda e, infelizmente, a existência de compra de voto, bem como todo o capital envolto na campanha. É preciso fazer uma reflexão. Fala-se muito em melhorias na saúde, na educação, na administração de bens públicos, entre outras coisas. Mas será que ao invés de haver tanto confronto e desperdício financeiro nas disputas eletivas não era melhor unirem-se e procurar viabilizar formas de amenizar o sofrimento e as necessidades básicas fundamentais, como no caso da menina acima mencionada e tantos outros casos similares?
E nós cidadãos, pessoas importantes ou simplesmente anônimas, por que esquecemos do nosso lado humano? A correria do cotidiano, futilidades materiais, posições hierárquicas, nada disso evitará que nos tomemos algum dia em “matéria orgânica em decomposição”. Valorizemos mais aquilo que temos como a família, a saúde e a liberdade. Devemos buscar a harmonia entre nossa existência e o meio em que vivemos, assim também como ser gratos por estarmos vivos e podermos contribuir na elaboração de um sentimento de fraternidade perante o universo.
Jacson Cristiano Jung
Acadêmico de Biomedicina da Ulbra Cachoeira