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25/08/2009 16:56
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Um sonho distante

Colocar-se no lugar do outro é sempre um bom exercício para ter o entendimento perfeito da vivência alheia.
Quem sabe se fizermos esse exercício pensando nos professores? Assim, por meio dele, poderemos ter uma idéia do que é estar em uma sala de aula horas por dia, lidando com as mais diferentes personalidades e desafios. Tendo a ciência de que a formação daquelas pessoas depende, em grande parte, do aprendizado que vão receber.
Os educadores vivem, há anos, enfrentando dificuldades como baixos salários, salas superlotadas, falta de material didático e também o fato de terem que complementar sua renda fazendo bicos, vendendo roupas, jóias, etc.
Outro problema grave que os aflige é a violência por parte de alguns alunos, fato que deixa apreensivos professores, pais e alunos.
Que saudades do tempo em que os professores eram tratados com respeito, como toda relação exige e merece. A palavra deles era ouvida. Jamais esquecerei do filme “Ao Mestre Com Carinho”, que marcou época.
O sonho de muitos jovens era ser professor. Infelizmente um sonho que ficou distante devido à atual realidade dos professores.
A pesquisa de Informações Municipais do IBGE demonstrou, em levantamento feito em 2006, que menos de um terço dos municípios brasileiros mencionou que a contratação de professores estava entre as cinco principais medidas adotadas na área de educação.
Lutei até o final para que os professores fossem incluídos na regra de transição. E como isso não aconteceu apresentei a PEC nº 06/06 que prevê que a regra de transição aprovada na PEC paralela seja estendida aos professores.
É importante também que a demanda dos professores gaúchos, quanto à liberação dos dirigentes sindicais do CPERS nos núcleos regionais, seja atendida.
Felizmente o piso nacional, que era uma antiga reivindicação da categoria, foi instituído com a Lei 11.738, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula, que estabeleceu o piso de R$ 950,00 para jornada de até 40 horas semanais. Mas é triste verificar que alguns Estados se negam a pagar sequer esse piso.
Em homenagem aos professores, esses libertadores, cito a frase do educador Paulo Freire: “Ninguém liberta ninguém. Ninguém se liberta sozinho. Os homens se libertam em comunhão”.

Paulo Paim
Senador da República