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25/08/2009 16:56
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Por favor, um caf preto

Foram muitas madrugadas frias, regadas a xícaras de café preto e envoltas pela fumaça de cigarro. Para trás, três anos e meio de experiência administrativa no leme da Prefeitura; para frente, a possibilidade, quase certeza, de mais quatro anos de governo com a responsabilidade inerente de fazer o melhor possível. Sobre a mesa, relatórios, números, demandas, receitas e sonhos.
Enquanto os candidatos percorriam o município submetendo as propostas ao crivo dos candelarienses, nós colocávamos no papel os planos do novo governo. Em caso de aprovação popular das propostas da Coligação Compromisso com o Trabalho, o novo Governo não poderia ser atropelado pelos acontecimentos. Daí a necessidade de elaborar o Plano de Governo ancorado nas propostas que, levadas aos palanques, recebiam aprovação popular. Ainda faltava a concordância das urnas, lá adiante, no dia 5 de outubro. Mas, em cima de cada setor debatido em público e aprovado, brotavam os  projetos conseqüentes.
Na Saúde, o setor mais demandado pela comunidade, um projeto inovador ao nível municipal, invertendo a lógica e sepultando a tradição: ao invés de o contribuinte, já fragilizado, buscar a saúde na cidade, é a saúde que deixa os gabinetes acarpetados e vai ao interior vacinar, diagnosticar, prevenir. A saúde chegando ainda antes que a enfermidade. Três novos Postos de Saúde no interior do município a se somarem à saúde itinerante, médica, odontológica e psíquica, tudo para prevenir ainda antes da necessidade de remediar. Tudo para desafogar o atendimento urbano e facilitar a vida do contribuinte rural.
Uma revolução na Educação. A Informática ao alcance de todos, com o Infomóvel levando a semente da cibernética às mais distantes escolas municipais. O uso da Internet como ferramenta, meio indispensável para se atingir o tão sonhado desenvolvimento cultural e material.
Na Agricultura, base da nossa economia, projetos compatíveis às demandas e em consonância às propostas aprovadas de agregação de valor aos produtos primários, facilitação de escoamento da produção com estradas transitáveis e acessos razoáveis. Tudo com o objetivo de evitar êxodo rural, o conseqüente acúmulo na periferia urbana e levar melhor qualidade de vida ao homem do campo.
Na área de Turismo, os planos mais audaciosos. O uso das nossas belezas naturais como forma de atração de investidores nacionais e do exterior, respeitando o maio ambiente, a fauna e a flora. Só nós, candelarienses, temos o privilégio de um Morro maravilhoso, postado aí do lado, que poderia ser admirado por meio-mundo e, simultaneamente, nos servir de objeto para alavancar a economia da indústria sem chaminés.
Projeto de inclusão social, não aquela inclusão de dar o peixe e que envergonha o beneficiado, mas aquela de ensinar a pescar, que honra e dignifica o socialmente incluído; aquela que prepara o cidadão para disputar o mercado de trabalho em condições de igualdade; de criar oportunidades atraindo investidores e de capacitar os já em atividade para galgarem novos patamares na escala social.
Está tudo no papel, produto de noites frias e longas, turbinadas por xícaras de café preto e nuvens de fumaça do cigarro.
Então veio a crise internacional. Alguns poucos americanos espertos enriqueceram superfaturando imóveis e quebrando bancos de tradicional conceito internacional. Como um “tsunami” global, a crise manteve-se nos Estados Unidos, invadiu a Europa, a Ásia e acabou derramando-se pelo Brasil. A ebulição da economia, que há dez anos impulsiona investimentos e faz o mundo crescer, recebeu um “alto lá” do bom senso, um alerta. Cuidado! Perigo à vista.
O bom senso mandou os cautelosos umedecer o indicador para saber o definitivo rumo dos ventos. Mandou aguardar e refletir. Assim seja.
O Plano de Governo é bom e moderno, mas vivemos numa aldeia global e convém retê-lo para possíveis correções de rumo. Se for necessário, acendem-se outros cigarros e passam-se novos bules de café preto.

Edemar Mainardi
Engenheiro Civil