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25/08/2009 16:56
Por:

Historinhas intermin?veis

Eu posso me considerar um catedrático em viagens de ônibus, experiência que trago na bagagem após longos anos dentro dos coletivos. A coisa é tanta que, como diriam alguns, “exclusível” me atrevi a dividir passageiros em classes. Entre outras, tem a classe dos que dormem e a dos que não dormem e, junto destas, a classe dos que se fazem de porco vesgo pra comer em dois cochos. A classe dos que se fazem de porco vesgo para comer em dois cochos geralmente são pessoas que acham que quando compram a passagem têm direito a duas poltronas, deixando a bunda numa e uma caralh... ops, uma porção de coisas no outro, tipo pastas, bolsas, sacolas, sacos de salgadinhos, vibradores, calcinhas eróticas, garrafas de refri pela metade e outras tralhas mais. Esta classe se subdivide em duas, a dos que efetivamente dormem e outra dos que fingem que estão dormindo. Tanto uma como outra destas subdivisões não conseguem enganar o degas aqui, e como tenho certeza de que não sou somente eu que passo por problemas desta natureza, passo agora duas lições práticas, sem custo algum, que todos poderão ver a partir do parágrafo a seguir, porque esta coisa já está ficando muito grande e, conseqüentemente, cheia de vírgulas.
LIÇÃO 1: Como tratar com porcos vesgos.
Primeiramente vale lembrar que se você comprou passagem com um ônibus semidireto, tem direito a uma poltrona e, por isso não precisa pedir licença para sentar. Por isso, chegue sentando em cima das coisas que estiverem no banco – não se esqueça de observar se entre as tralhas não tem pregos nem ovos –. Quando o porco vesgo fizer de conta que acordou e começar a retirar as tranqueiras, faça de conta você também que não viu que tinha sentado em cima de seus pertences. Se ele falar alguma coisa com você, ignore e nem peça desculpas. Faça de conta que não tem ninguém ao seu lado. Este será o troco por ele ter ignorado você. Depois, puxe aquela coisinha para descansar o braço que fica entre os bancos e ocupe toda a sua extensão. Arreganhe bem as pernas (isso vale só pra homens, porque se for mulher o sujeito pode achar que trata-se de uma messalina) e coloque o banco para frente e para trás, como se não conseguisse se sentir confortável. Se ele estiver com a cortina fechada, abra-a. Se tiver aberta, feche-a. Repita estas operações várias vezes durante a viagem. Da próxima vez que você enxergar o porco vesgo no ônibus, ele estará sentadinho quieto na sua poltrona e não terá nada em cima da outra.
LIÇÃO 2: Como acordar um dorminhoco.
Esta é bem mais fácil, mas requer um pouco de sangue frio e sutileza. Primeiro o sangue frio: estique o dedo indicador e finque com força moderada – para que entre até a segunda junta – na costela do dorminhoco. Ao mesmo tempo, diga: – Aristoclenes, quanto tempo, cara? Logicamente o cara vai parar de roncar e acordar meio babado dizendo que ele não se chama Aristoclenes. Aí vem a parte da sutileza. Responda: – Não acredito. Me desculpa, mas já que eu te acordei, dá pra tirar estas coisas aí que eu quero sentar? Logicamente se a pessoa está cansada, depois de tirar os badulaques ela voltará a dormir e, possivelmente, iniciar uma sessão de ronco. E eis que surge uma tese que todos poderão comprovar na próxima viagem: ninguém olha para quem está roncando e, sim, para quem está sentado ao lado de quem está roncando. Por isso, previna-se e leve consigo um alfinete ou um espinho de laranjeira. Toda vez que o roncador iniciar a sessão, dê uma alfinetada – ou uma espinhada – nele. O restante da tripulação agradecerá e você não ficará com aquela cara de tacho sujeito às risadinhas sem graça. Como tem uma notícia bem interessante aí embaixo, vou deixar os assuntos “cigarro no banheiro” e “troca de ‘flardas’” para uma próxima. Tenham todos uma boa viagem!

Bolas nas costas
“A tatuagem de um jovem torcedor do Boca Juniors virou caso de polícia na cidade de Concepción del Uruguay, na Argentina. O menor saiu para gravar o escudo da equipe de futebol, mas o tatuador desenhou em suas costas um pênis e dois testículos. O jovem contou que o tatuador não tinha um espelho, por isso só constatou o erro quando chegou em casa e mostrou o desenho para seus parentes. Indignado, fez uma denúncia à polícia da cidade e entrou com uma ação judicial contra o tatuador” (chupitado da internet). Não sei, não, mas algo me diz que este tatuador é torcedor do River Plate e fez a coisa só por sacanagem. Se o tatuador fosse colorado e um gremista fosse lá para pedir algo do gênero, acho que a coisa não ficaria longe disso (e vice-versa para agradar todo mundo). Não sei, não, mas acho que o Marcos do Oba-Oba iria preferir a tatuagem de um “pinto” do que a do escudo do Grêmio nas costas!