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25/08/2009 16:56
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O endereo do louco

Estimule sua capacidade de intuição. Vêm aí novos tempos e você não pode ser pego de surpresa. O mundo muda em progressão geométrica. Da idade da pedra ao invento da roda decorreram milênios; da roda à locomotiva a vapor se passaram séculos; do trem à nave interplanetária se sucederam décadas.
Cada vez se avança mais em menor tempo. Por certo, vai chegar o dia em que não se morrerá mais de cardiopatia. O sujeito sente um princípio de mal-estar e corre ao armazém da esquina para substituir o coração usado e doente por outro novinho em folha. Vai deparar-se com um único dilema: comprar um coração “made in USA” por oitenta dólares, ou optar por um “paraguaio” por dez reais à vista ou quinze reais em módicas prestações mensais. São dilemas da evolução.
Na origem dessas invenções todas, está sua excelência, o sonhador. O sonhador que não se conforma com o mundo como ele é e, ante as coisas que ainda não são, questiona: por que não? Insaciável, o sonhador sempre quer mais. Mais e melhor.
Os críticos mais afoitos os tacham de doidos e até de loucos; os observadores mais prudentes os vêem como inventivos e criadores talentosos; já os analistas cautelosos, mas dotados de uma réstia de perspicácia, os cultuam como gênios.
Loucos ou gênios, a verdade é que as grandes transformações da humanidade vertem de suas cabeças maravilhosas, se derramam até nós pelo conjunto de princípios catalogados pelos filósofos e transformam-se em realidade pelo pulso firme dos estadistas.
Não fosse essa parcela de “malucos” que ousam sonhar o que parece inatingível e, nos seus devaneios, empurram o ideal para novas fronteiras, não fosse a petulância desses “doidos”, não haveria evolução. O mundo estagnaria. Os pensadores, melancólicos e sem rumo, queimariam fosfato no monótono círculo da mesmice e o espaço para as realizações dos estadistas ficaria reduzido a soluços de fecundidade a se afogarem num porre de aridez criativa.
Fique aceso para não ser atropelado pelas conquistas da humanidade. Ao invés de jogar pedras nos talentosos e tachá-los de “doidos varridos”, procure entendê-los. Não existe regra que define o endereço do gênio. Pode ser Londres ou Nova York, mas pode ser também Candelária/RS. Por que não?

Edemar Mainardi – Engenheiro Civil