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25/08/2009 16:56
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Insatisfeitos, produtores trazem o fumo de volta

Apesar dos novos índices de reajuste não terem sido definidos para a safra 2008/2009, as indústrias começaram a pagar, em média, 12,6% de reposição pelo produto. O cálculo foi divulgado esta semana pela Afubra e tem como base as notas fiscais dos produtores. Os valores praticados, no entanto, não têm agradado todos os fumicultores. Os mais insatisfeitos chegaram a trazer o fumo de volta para casa depois de ter levado para a indústria.
Um deles é Mateus de Moraes, morador do Rincão das Casas. Das 50 arrobas de fumo que levou à indústria no último dia 23, oito foram trazidas de volta à propriedade. De acordo com o produtor, o fumo era da mesma qualidade e na hora da comercialização parte foi rebaixada pelos classificadores. “Eles pagaram BO1 para 42 arrobas e as outras oito queriam classificar como BO2. Não dá para entender. O fumo era o mesmo, não tinha diferença alguma”, questiona. Moraes disse que preferiu trazer o produto porque perderia aproximadamente R$ 16,00 por arroba.
Moraes acrescenta que tentou, sem êxito, negociar um preço melhor com a indústria. “Em uma delas disseram para eu tentar vender por mais em outro lugar porque ali o preço era aquele”, lamenta. Preocupado com a indefinição dos novos índices de reajuste, o produtor disse que vai manter o produto estocado por enquanto. “Do jeito que está não vai dar nem para pagar as despesas. Temos fumo de boa qualidade e não queremos vender por pouco mais de nada”, diz.
Esta, conforme o agricultor, foi a primeira vez em nove anos que foi preciso trazer o fumo de volta para casa. Nas safras anteriores, ele recorda que era possível negociar preços melhores. O produtor adianta que no ano que vem irá reduzir a área plantada se a classificação não melhorar. “Talvez diminua em até 25% a quantia”, encerra.

ALTA – Entre os itens que tiveram maior alta sobre o custo de produção da safra 2008/2009 estão o adubo e salitre, a lenha e a mão-de-obra. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Candelária, Mauro Flores, o custo de produção aumentou em 13,5% no período. “O que impulsionou esta alta foram os insumos agrícolas. O valor do frete e do óleo diesel também encareceu a lenha”, afirma. Nos cálculos feitos pela Afubra também foi constatado que produzir um quilo de fumo custou R$ 4,94 nesta safra.