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25/08/2009 16:56
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Ovinos, dupla opo de renda

A quinta edição da série “Riquezas da Nossa Terra” publicada hoje, 31, pela Folha, vai mostrar o potencial da ovinocultura no município. No texto que segue serão evidenciadas as duas alternativas de renda viabilizadas pela atividade. Na última terça, 24, o leitor conferiu como a suinocultura está estruturada em Candelária. Foi explicado que a criação (comum à maioria das propriedades rurais) incrementa a alimentação e, conseqüentemente, reduz as despesas domésticas. A produção de suínos ganhou impulso comercial a partir de 1987, época em que se percebeu a necessidade de abastecer mercados e açougues com carnes mais magras, visto que os animais existentes até então produziam muita gordura. Para preencher esta lacuna, a Emater do município idealizou a construção de condomínios que também facilitaram o manejo dos filhotes.
A alternativa apresentada hoje também é antiga na região. Voltada tanto para o comércio de carne quanto para o de lã, a ovinocultura se destaca como possibilidade de diversificação. Até meados de 1986, a atividade teve notoriedade com a supervalorização do preço da lã. De acordo com o médico veterinário Carlos Alberto Roos, naquela época o valor pago pelo produto era suficiente para custear praticamente todas as despesas da propriedade, como os insumos e impostos. “Se pagava muito bem, mas aos poucos perdeu o valor devido à entrada de novos produtos no mercado, como sintéticos, têxteis e o próprio algodão”, diz.
A raça mais criada naquele período, em todo o Rio Grande do Sul, era a Corriedale, que produz lã em boa quantidade. A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) define a espécie como de grande vigor, ótima constituição e com equilíbrio zootécnico - 50% carne e 50% lã. Esta última tem como características mechas longas, bem constituídas, definidas e com ondulações proporcionais à finura das fibras. Atualmente, os rebanhos mais criados em Candelária são o Texel, o Ile de France e o Suffolk (características seguem abaixo) mais específicos para a produção de carne. Já os produtores que se dedicam à venda de lã, para confecção de pelegos, optam pela criação de ovinos mistos com pelagem preta - a mais valorizada. “Um pelego preto, de tamanho grande, varia em torno de R$ 250,00 a R$ 300,00 enquanto que o branco custa, em média, R$ 50,00”, explica Roos.
De acordo com o último levantamento do IBGE (2007), Candelária tem 4.304 ovinos, dos quais 1.406 são tosquiados. Os dados apontam ainda uma produção de lã de 2.899 quilos no município. A atividade predomina em várias regiões (a relação não será citada para evitar possíveis esquecimentos) e são poucos os criadores que possuem rebanho selecionado. Uma das exceções é o produtor rural José Daltro Emmel, vice-presidente do Sindicato Rural de Candelária. Ele mantém a atividade desde 1986, na Agropecuária Três Meninas, localizada próximo ao Pinheiro, a 15 quilômetros da cidade. A criação foi iniciada com animais da raça Hampshire down, que apresenta boa produção de carne e capacidade de adaptação aos diferentes meios e regimes de criação, também indicada para cruzamentos industriais. Cerca de três anos depois, em 1989, optou pela raça Suffolk. “Fiz a troca porque esta espécie tem a cara, as pernas e a barriga deslanadas e, de certo modo, isso apressa o trabalho na época de parição porque não precisa ficar limpando a cara e o úbere”, explica. Emmel destaca como qualidades do Suffolk o grande número de partos de gêmeos, o rendimento de carne que pode chegar a 23 quilos na fase de abate e o tamanho dos cordeiros - maiores que os demais. “É um animal que produz carne em excelente quantidade por ser maior. Tem mais costela, mais quarto”, conclui.
Emmel possui um pequeno rebanho e tem a atividade mais voltada para o consumo próprio. Segundo ele, a criação era mais expressiva, mas diminuiu devido à redução de área. “Também perdemos muita ovelha por ataque de cachorros”, acrescenta. Na Agropecuária Três Meninas o rebanho é criado a campo, o que facilita o acesso de outros pequenos animais, como os cães. 

CONDIÇÕES - O rebanho se adapta em campos mais altos e com pouca umidade. A criação pode ser feita em campo nativo ou em pastagens cultivadas. A primeira opção é a que predomina em Candelária. A alimentação, semelhante a dos bovinos, tem como base as plantas rasteiras como azevém e aveia. No que se refere à sanidade, de acordo com o médico veterinário Carlos Alberto Roos, deve haver o controle constante de verminoses, sarnas e piolhos.

Melhora da produção aumentou consumo
Até alguns anos, o gosto pela carne de ovelha era limitado. Eram poucas as pessoas que consumiam o produto com freqüência. Tal resistência pode ser justificada pela qualidade da produção. “Os cuidados com o rebanho não eram iguais aos de hoje. O animal geralmente era abatido mais tarde porque a alimentação era insuficiente ou imprópria para garantir um crescimento rápido”, avalia o produtor rural José Daltro Emmel.
Na sua avaliação, hoje o criador faz o abate num prazo menor e consegue oferecer carnes mais macias e de melhor qualidade para o consumidor. “Por isso, tem uma aceitação maior”, acrescenta. O prazo médio para o abate varia de seis a sete meses para os cordeiros e de três a quatro anos para as ovelhas. O valor pago pelo quilo, no abate, é de R$ 2,50 para o ‘capão’ (macho castrado com mais de um ano) e de R$ 2,00 para a ovelha.  

As raças e suas características
Texel
Porte médio, lã baixa, patas e cabeça deslanadas e carne com pouca gordura

Ile de France
Porte grande, lã de pigmentação clara, corpo todo coberto e carne de boa qualidade

Suffolk
Porte grande, lã de menor qualidade, patas e cabeça pretas e deslanadas, carne de boa qualidade, com pouco mais gordura