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25/08/2009 16:56
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Os reflexos da crise da Ulbra em Candelria

A dívida total da Ulbra é estimada em mais de R$ 1 bilhão. O rombo, que se arrastaria desde a década de 90 - segundo a instituição, é o que tem gerado o atraso no pagamento dos funcionários. De acordo com a professora Flávia Braga de Souza, de Candelária, até agora não foram quitados os salários de janeiro (mais férias) e março, além do 13º e parte dos honorários de dezembro do ano passado. A inconformidade com a situação tem gerado protestos, paralisações  nas unidades de ensino superior e nas escolas e ameaça o fechamento dos quatro hospitais que são mantidos pela universidade.     
Em Candelária, os professores do Colégio Ulbra/Concórdia revelaram a gravidade da crise na segunda, 13, aos pais dos alunos. Durante reunião, eles expuseram as dificuldades ocasionadas pela falta de pagamento dos salários e relataram a quebra do acordo judicial que a Ulbra havia firmado, em fevereiro, juntamente com o Sinpro/RS (Sindicato dos Professores do Ensino Privado), que previa a renegociação dos débitos. Diante disso, as aulas foram paralisadas de terça até ontem, como forma de protesto. Logo após o encontro, um grupo formado por representantes de pais e professores pediu o apoio do Legislativo, durante a sessão da Câmara. Na tribuna relataram as dificuldades desencadeadas pela atual crise e solicitaram que, se possível, os vereadores acionassem também aos deputados.   
Além disso, na quarta à tarde, 15, houve passeata pelas ruas centrais pedindo o afastamento do reitor Ruben Becker (a quem se atribui a responsabilidade pela atual crise financeira da instituição) e o pagamento dos salários.  A atividade contou com  a participação de alunos, pais e professores. Ontem à noite os professores promoveram novo encontro com os pais para comunicar a normalidade das aulas a partir de hoje. De acordo com a professora Flávia, a expectativa é de que até a próxima semana a situação se resolva. “Estamos aguardando uma movimentação para ver se algo acontece até a semana que vem, quem sabe até com o afastamento do reitor”,  explica.   
No campus de Cachoeira, que igualmente é freqüentado por inúmeros acadêmicos de Candelária, as aulas seguem paralisadas desde o último dia 8, sem previsão de retorno. 

JUSTIÇA - O Ministério Público Federal (MPF) recebeu esta semana do Sinpro/RS um documento que pede a saída do reitor da Ulbra. O MPF já está investigando a situação da instituição e abriu procedimento administrativo para averiguar o caso. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) igualmente decidiu pedir ao MPF o afastamento do reitor.

PLANO - A Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (Celsp), mantenedora da Ulbra, estaria elaborando um plano de reestruturação para tentar escapar da atual crise institucional e financeira. O objetivo é conter os custos, reduzir os bens e o quadro de pessoal. As medidas deverão ser apresentadas detalhadamente ao governo federal, em até 10 dias, para que a instituição consiga um acordo com a Fazenda. Com isso, a Ulbra pretende afastar a possibilidade de qualquer intervenção e retomar o certificado de filantropia, que assegura a isenção de impostos e é visto como o principal instrumento para diminuir o rombo.


Saiba mais
* As dificuldades financeiras surgiram gradativamente a partir da década de 90 e se agravaram neste ano. Segundo a Ulbra, a área de saúde seria a principal responsável pelos problemas financeiros, pois acumula prejuízos desde 1993. A instituição entrou no ramo hospitalar faz 15 anos.
** A crise foi instalada no campus central da Ulbra e atingiu as demais oito unidades de ensino superior da rede no Rio Grande do Sul. Também chegou a algumas escolas que são mantidas pela universidade no Estado.