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25/08/2009 16:56
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Especial Dia das Mes

Quando os filhos estão longe
Toda mãe sabe que um dia os filhos vão crescer e sair de casa. Mesmo assim, nenhuma está preparada para o momento da separação. Nesta hora, o “coração aperta” e as lágrimas caem. A saudade bate e os cômodos ficam mais espaçosos. Se antigamente isso acontecia só na hora do casamento, quando os jovens iam para as suas próprias casas, hoje é diferente. É crescente o número de moças e rapazes que deixam o lar dos pais, cada vez mais cedo, para estudar e se preparar para o futuro. O casamento, agora, é um passo secundário e que vem só depois da formação profissional.
Diante desta realidade, as mães são obrigadas a se acostumar com a distância dos filhos. Os que estudam em cidades vizinhas retornam com mais freqüência, fora do período de férias, para alívio e sossego dos pais. Mas os que estão em outros Estados ou em outros países demoram mais para voltar deixando um rastro de preocupação, que só passa quando dão um telefonema ou regressam definitivamente para casa. Em Candelária, a família de Mariza Bald, já começa a contar os dias para o retorno da filha Heloize, que foi morar em Offenburg, no Sul da Alemanha, para cursar especialização na língua alemã. Há pouco mais de um mês no país vizinho, ela deixou o Brasil para fazer intercâmbio de um ano na faculdade Volkshochschule. Neste período, ela ficará na casa de uma família alemã. “Ela sempre foi muito determinada, fez tudo sozinha”, explica a mãe. “Eu sei que ela está bem e fazendo o que sempre quis. Na verdade está realizando um sonho meu; também queria ter cursado Comércio Exterior e viajar como ela”, conta.
Em entrevista à Folha, Mariza disse que o momento mais difícil foi quando o avião partiu do aeroporto com Heloize. “Agora temos falado todos os dias pela internet e também a vejo pela câmera do computador, então fico mais tranqüila”, acrescenta e ainda afirma que “coração de mãe agüenta muita coisa”. Esta, na verdade, é a segunda separação entre mãe e filha. Em 2003, Heloize tinha 17 anos e saiu de casa para cursar faculdade na Unisinos, em São Leopoldo. Para Mariza foi mais fácil porque, além de ser mais próximo, ela morava com a sua irmã. Agora, segundo ela, a maior preocupação é saber como a filha está. “A gente dorme e acorda pensando se ela está bem”, resume.
Sobre os contatos com a filha neste último mês, Mariza diz que têm sido regulares apesar da diferença de horário. “Lá na Alemanha é cinco horas mais tarde do que no Brasil, mas ela sempre me espera para conversarmos pelo MSN”, garante. Já quanto ao Dia das Mães, neste domingo, Mariza adianta que vai ser triste. “Vai ser um vazio, mas logo passa”, diz. Ao lado dela estará o filho caçula, Luís Felipe, de 17 anos, e o marido Vanir Bald.



Mãe estudiosa e atenta ao futuro
Maria Isabel Dias, 45 anos, é mãe e avó. Mulher de fibra, ela é exemplo de perseverança e de otimismo. Foi numa dessas surpresas da vida, quando teve de enfrentar a morte do marido, que ela mostrou sua força e, mais uma vez, deu a volta por cima. Viúva há dois anos, decidiu retomar os estudos com o incentivo da filha Jenifer, 24, e da mãe Tereza, 69. Foi em março do ano passado que ela se matriculou na EJA (Educação para Jovens e Adultos), na escola Guia Lopes. “Ingressei no segundo ano do Ensino Médio e poucos meses depois, em julho, avancei para o terceiro. Devo concluir agora nas férias de julho”, conta.
Empolgada, ela contou à reportagem da Folha, que sempre gostou de aprender, de expor suas idéias e de participar de debates para mostrar que podia opinar sobre um determinado assunto. Quando jovem, ainda com seus 21 anos, parou de estudar com o nascimento da filha Jenifer. Anos depois, tentou retomar sem sucesso. “Tentei várias vezes, mas não conseguia a conciliar com os meus horários de trabalho”, diz. Neste período, Maria Isabel foi morar no Pinheiro, onde trabalhava como agricultora. “Aí ficou ainda mais difícil para vir até a cidade”, completa.
Já que a vida reserva perdas e ganhos, ela teve de suportar a ausência do marido e, em compensação, recebeu a chance de mudar o seu futuro. “Eu estava com muito tempo ocioso em casa e foi aí que surgiu a idéia de voltar aos estudos”, adianta. Sobre o convívio com os colegas de aula diz estar sendo maravilhoso. “Fui recebida como se fosse uma adolescente. Nunca sofri discriminação por ser a mais velha da turma. Aprendi coisas que nunca tinham me ensinado antes”, afirma. Para Maria Isabel não foi difícil se adaptar aos estudos. “Estava parada há 23 anos e não tive dificuldades para retomar a rotina”. Recentemente ela fez a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e conseguiu a quarta colocação. “Pretendo cursar História, agora é torcer para conseguir a classificação”, revela.
Atualmente, Maria Isabel divide seu tempo com os afazeres domésticos, com os netos João Paulo (um ano e 10 meses) e Maria Eduarda (um mês) e com os estudos. Sua filha Jenifer também herdou o gosto pelos estudos e hoje cursa Direito. Neste Dia das Mães, a exemplo dos anteriores, a comemoração será só das mulheres na sua casa. “Chamo a minha mãe, minha filha, minha sobrinha e passamos o dia todo juntas; a festa é só nossa”, conclui.

EXEMPLOS - O exemplo de Maria Isabel serve para ilustrar a força e a coragem de tantas outras mulheres. Há as que criam sozinhas seus filhos - são mãe e pai ao mesmo tempo; as que sustentam a casa; e ainda as que são adotivas e dão seu amor incondicional. A estas e tantas outras, fica o reconhecimento pelo seu dia.