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25/08/2009 16:56
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Riquezas do nosso futebol - captulo XIII

Quilombo. Na história, eram regiões de grande concentração de escravos que no período colonial fugiam de seus senhores e se refugiavam em locais de difícil acesso, embrenhados em matas, selvas e montanhas, formando aldeias. Em Candelária, uma localidade da região da serra surgiu por possuir vestígios de redutos de Quilombos. Segundo a historiadora Marli  Marlene Hintz, a localidade foi colonizada em 1868 quando João Rauber e Jacob Eisenbarth passaram a vender colônias na região. Sobre o nome da localidade, ela salienta que teria se originado por causa do pesquisador Carl Von Schwerin, que em uma de suas expedições pela região (época em que era diretor da Colônia de Santa Cruz) teria encontrado vestígios de um possível Quilombo de escravos. Anos depois, foram descobertos dois redutos, sendo o primeiro no local onde estava situada a primeira igreja/escola Sinodal, que era de madeira e foi incendiada durante a Segunda Guerra Mundial. Já o outro reduto foi descoberto onde está situada a atual Igreja Sinodal e o cemitério.
Aliado às histórias e lendas da localidade, o futebol surgiu na década de 70 com a agremiação denominada por Esporte Clube Quilombo. O professor aposentado José Anger, hoje com 84 anos, foi um dos fundadores e o primeiro presidente da equipe. Segundo ele, o time do Quilombo surgiu com o término da equipe do São João, de Linha Ana. “A gurizada vinha da Linha Ana e ficava batendo bola aqui. Como foi aumentando o número de jogadores, resolvemos fazer o time”, conta. Anger, Arno Janhke, Darci Beise e os demais membros da comunidade fundaram o Quilombo. Beise recorda que um dos primeiros times foram formados com os seguintes jogadores: Guará, Orlando Gass, João Hoppe, Pescuma e Noe Anton. Cabrito, Reno Gass, Rui Beise e Lino Melz. Celestino Melz e Eliseu Rech. O primeiro campo da equipe ficava na propriedade de João Renato de Oliveira. Nos primeiros anos, o Quilombo disputava somente amistosos com equipes da região da serra e da cidade. A agremiação enfrentou Tabacos e São Bento, ambos do Passa Sete, Tiradentes, da Costa do Rio, Gaúcho e Cruzeiro, de Linha Travessão, Olarias, de Linha do Rio, entre outros. Beise e Anger destacam que em seus domínios era difícil alguém vencer o Quilombo em amistosos. “Uma vez, um torcedor do Gaúcho prometeu pagar um barril de chopp para nós e eles se o Gaúcho nos vencesse na nossa casa. Avisamos o Guará para ele tomar um gol e o Gaúcho nos derrotou naquele amistoso. Após, o torcedor cumpriu a promessa e pagou o barril de chopp e todo mundo confraternizou”, relembra o professor.
MUNICIPAIS – Após cerca de 10 anos, o Quilombo mudou o campo para a propriedade de Arno Janhke. A partir de 1985, a equipe passou a ser comandada por Darci Beise e entrou na disputa dos campeonatos municipais. Beise recorda do grupo que disputou aquele certame com a seguinte formação na equipe A: Juarez, Orlando, Clério, Priebe e Valberto. Gilnei, Dário e Edenir. Paulo Schuster, Geraldo Coalhada e Queco. Naquele ano, a equipe foi eliminada pelo Minuano, que foi o campeão daquele campeonato. Nos anos seguintes, o Quilombo voltou a disputar os municipais, chegando entre os seis melhores em 87 e nas semifinais em  88, sendo derrotado novamente pelo Minuano. Em 91, a equipe foi eliminada na primeira fase. “Naquela época, times como Olarias, Canarinho de Linha Facão, Minuano, Botucaraí, São Jorge, entre outros, eram fortes e difíceis de jogar.
Os campeonatos eram bem disputados”, relembra Darci.

Títulos chegaram em 1993
O ano de 1993 ficou marcado na história da equipe. Foi o ano em que ocorreram  as duas principais conquistas da agremiação, que até hoje são lembradas por Beise. No dia 25 de julho de 1993, o Quilombo conquistou o título da Copa da Amizade, derrotando na final disputada no Estádio Darcy Martin, a equipe do Ouro Preto, do Pinheiro por 1x0. O gol do título foi marcado por Chubrega em cobrança de falta. A equipe campeã foi formada com Cristiano Dittberner, Clóvis, Poio, Dari e Pelé. Paulo Alves, Marcos Beise e Chubrega. Marco Garcia, Delano e Marco Kohl. Jogaram ainda Serginho, Valdemar, Fabiano e Roni Boijink. No final do ano, a equipe B do Quilombo sagrou-se campeã municipal após vencer nos pênaltis a equipe do Aliança, do Arroio Grande. Segundo José Cipriano de Oliveira, o Zeca, foram três empates entre as equipes e mais a disputa da prorrogação. Nos pênaltis, o Quilombo venceu por 4x2 em partida disputada no campo do Olarias, em Linha do Rio. “O Aliança tinha um bom time e foram jogos equilibrados. Foi a conquista mais suada da história”, conta. O time campeão foi formado com Clóvis, Feijão, Valdemar, Fausto e Herbert. Max, Pelé e Adelar. Zeca, Tonho e Jaques. Jogaram ainda Charles, Cleber, Luizinho, João e Caco. O treinador foi Félix Wendler. Na categoria titulares, o Quilombo não passou da primeira fase. Após os títulos conquistados em 93, a equipe foi  extinta. Darci salientou que  entre os motivos para o término do Quilombo estavam os problemas que a equipe enfrentava com a arbitragem na época. “Sempre procurávamos fazer um time bom para chegar e disputar os títulos, mas a arbitragem acabou nos prejudicando na grande maioria dos jogos. Então decidimos parar com o time e com o futebol aqui”, disse. Sobre uma possível reativação da equipe, Darci afirma que nos dias atuais é inviável se fazer futebol devido ao alto custo. “Naquela época, nem bem era meio-dia e os jogadores já estavam no campo para jogar. Hoje, a juventude aqui até tem a idéia de reativar o time, mas falta incentivo financeiro para custear as despesas e alguém para assumir a responsabilidade e organizar. Ninguém mais quer esse compromisso”, finalizou.