Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

O mel resiste na ex-capital

A apicultura é mais uma alternativa que incrementa a alimentação e gera renda aos agricultores de Candelária. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2007) apontam que o município possui aproximadamente três mil colméias, que produzem em torno de 67.300 quilos de mel ao ano. A média de enxames, por produtor, varia de cinco a 15. O índice de produtividade oscila de acordo com as condições climáticas, uma vez que a presença de flores é fundamental, especialmente na primavera, para que as abelhas obtenham o néctar.
A primeira parte da série “Riquezas da Nossa Terra” encerra hoje, 2, ao descrever o potencial produtivo do mel no município. A atividade, típica às pequenas propriedades, teve seu auge em meados dos anos 90, época em que ocorreu a 1ª Festa Estadual do Mel (Femel) e o 1º Congresso Brasileiro de Apicultura - o único desenvolvido no Rio Grande do Sul. Na edição da semana passada, o leitor conferiu as particularidades da produção de codornas (coturnicultura), que tem número inexpressivo de criadores e de aves. Também foi relatado que esta é uma opção viável para grandes empresas avícolas e uma alternativa atrativa para pequenos e médios criadores. Isto porque as aves são precoces, com crescimento rápido e podem ser criadas em áreas de pouco espaço. Já as informações sobre plantel e produtividade são escassas.
É, portanto, o contrário da apicultura, que pode ser evidenciada em inúmeras propriedades rurais. Segundo o técnico agrícola e extensionista da Emater, Sanderlei Pereira, a produção de mel é basicamente utilizada para o consumo doméstico e tem o excedente comercializado de maneira informal no varejo. “Maioria das famílias vende para os parentes que moram em outras cidades, para os vizinhos ou de porta em porta”, destaca. Em entrevista à Folha ele disse que no início da década de 90 tentou se criar a Casa do Mel em Candelária. “No local (junto ao colégio Lepage) o produto poderia ser inspecionado e, assim, se aumentaria a comercialização legal no mercado”, acrescenta. “O mel é um produto de origem animal e deve receber a mesma inspeção que o leite, a carne e os ovos”, afirma.
Atualmente, há em torno de três mil colméias em Candelária que, juntas, produzem até 67.300 quilos por ano, de acordo com estimativas do IBGE. A média de enxames em cada propriedade varia de cinco a 15. As abelhas são do tipo “africanizada”, cujo mel oscila entre R$ 5,00 e R$ 10,00 (o quilo) no varejo. Embora se evidencie em várias localidades, a apicultura tem maior representatividade entre as famílias que integram a Associação dos Feirantes Ecológicos de Candelária (Afecan) e a Associação Nossa Senhora de Fátima do Roncador. Os dois grupos vêm sendo assessorados pela Emater. “São 13 famílias da Afecan, que colocam o produto à venda na feira, e 20 famílias do Roncador, cuja comercialização é feita na Ecovale (Cooperativa Ecológica do Vale do Rio Pardo). Estes produtores têm, inclusive, investido na elaboração de bolos e bolachas feitos à base de mel para diversificar a alimentação”, comenta. 

INCENTIVO - Com o objetivo de fortalecer a atividade em Candelária, a Emater tem disponibilizado capacitação aos produtores. Recentemente, oito famílias do Roncador participaram de um curso no Centro de Treinamento da Emater em Tupanciretã, por durante sete dias. Através de uma parceria com o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) foram financiados equipamentos para que eles incrementem a produção. Também está nos planos da Emater utilizar variedades de abelhas sem ferrão. “Vamos fazer os testes com abelhas do tipo “tubuna” e “jataí” em duas unidades experimentais no Roncador. Estas variedades produzem um mel de cor e sabor diferenciados, usado também como medicamento. O valor do quilo pode chegar a R$ 30,00", explica.

ENTRAVES - Na avaliação de Sanderlei Pereira, a apicultura tem dois grandes limitantes. O primeiro são os furtos, que igualmente atingem a piscicultura. O outro é a dependência da produção de flores e de condições climáticas favoráveis. “A produção de mel depende disso. Em anos de muita chuva ou de muito frio cai consideravelmente a produtividade”, finaliza.

A segunda parte
Na primeira etapa, sobre pecuária, a série “Riquezas da Nossa Terra” publicou 11 reportagens com diferentes alternativas de diversificação. A partir da próxima edição serão noticiasdas informações sobre lavoura temporária. Estão elencadas, inicialmente, 18 pautas. Todas terão como base os dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O que foi publicado
1º - A força do rebanho bovino (dia 3/3); 2º - O sabor da carne de Candelária (dia 10/3); 3º - Caprinos, um mercado em potencial (dia 17/3); 4º - Suínos, incremento de renda e alimentação (dia 24/3); 5º - Ovinos, dupla opção de renda (dia 31/3); 6º - Ovos, produção doméstica é mais expressiva (dia 14/4); 7º - Aves, abate comercial gera mais retorno (dia 28/4); 8º - A avicultura e a diversidade de espécies (dia 12/5); 9º - Coelhos: plantel variado, mas baixa produção (dia 19/5); 10º - Codornas, número inexpressivo de criadores e de aves (dia 26/5); 11º - Mel, produto típico de pequenas propriedades (hoje, 2/6).